Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

AO MEU DESCONHECIDO

Sob a companhia do luas,
Iluminada pela noite
Caminho pelas ruas desertas
A procura de uma residênciam,
Uma única residência:a tua.

Interrogo árvores e morcegos,
Postes e praças;
Onde habitas,
O que fazes,
Quem és.

Envolta numa aura de loucura
Vago errante procurando alguém
Que nem ao menos sei quem é.
Apenas um motor impulsiona-me a buscar-te.

Podes ser qualquer um,
Mas sei que és especial.
Um desconhecido familiarmente
Perdido na multidão.

Um jardim;um casebre.
Uma porta de madeira;um quarto.
Uma cama e te encontro
Adormecido no calor de sua miséria.

O pulso palpita,
Voo a teu encontro.
Abraço-te,acarinho-te.
Beijo seus lábios frios.

Estranho a quentura do quarto
Estás frio como o gelo.
Minha mente devaneia:
-Será que apaixonei-me por um vampiro?

Como um fetiche doentio
Prossigo arrastando meus lábios
Por teu queixo,teu peito,teu pescoço.

Pavor!
-Onde está o pulso?
Morto!

Meu desconhecido,
Mesmo sem saber quem és
Amo-te de tal maneira,
Que prefiro transcender e
Unir-me a ti na eternidade.