Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sábado, 5 de dezembro de 2009

REFLEXÕES SOBRE ELE-PARTE 3

Ele parece temer,
Que meus olhos
Procurem uma direção
Em que possa não estar.

Ele parece temer,
Que minhas mãos
Busquem outros corpos
Diferentes do seu.

Ele parece temer,
Que em meus pensamentos
Sejam outros os sujeitos
Dos devaneios e suspiros.

Ele parece temer,
Que de meus olhos
Vertam as mais salgadas lagrimas
De ressentimento e rejeição.

Ele parece temer,
Que meu corpo seja violado
Por mãos algozes,
Por membros viris.
Ele deseja me guardar.

Ele parece temer,
Que meu caminhar
Seja inviabilizado pelas quedas.
Ele não deseja que me machuque.

Ele parece temer,
Que meu coração
Seja refém de algum cabeludo,
Metaleiro ou afins.
Ele deseja ser majestade em meu coração.

Ele parece temer
Que o pleno exercício do viver
Afaste-me de seu lado.
Ele quer ser senhor da minha vida.

CANÇÃO AOS LOUCOS MAROLEIROS

Primavera dos sonhos;
Florescer da juventude;
Levanta-te da ilusão e
Contemple a paz.

Brisas frias do Oriente
Trazem o equilíbrio
Que constitui a tênue linha
Entre a harmonia e o caos.

Os quatro elementos,
Em perfeita sintonia,
Musicam toda a sinfonia
De regozijo a existência.

A força elementar,
Que habita cada coração
É o motor de toda a perfeição.

As trevas se dissipam
Diante a emersão de um sorriso.
A luz criada pela movimentação
De músculos e arcadas é
A mais feroz arma contra a tristeza.

A magia do viver
Transcende as intempéries
Das emoções humanas;
Sendo divina
Sob tarde ensolarada,ou
Noite tempestuosa.

MITOMANIA?

A fantasia se torna estilo de vida.
As estórias são a vida.
As palavras se lançam
Aos quatro ventos,
Todas vazias do menor sentido.

A ilusão deixa o plano das idéias,
Deixa de ser apenas um sonho,
Para ser o real,
A vida,
O cotidiano.

Manipulação?
Astúcia?
Fragilidade?
Certamente doença.

Os objetivos podem até ser alcançados,
Mas qual será o preço disso?
A vida alheia?
A sua vida?

Os escrúpulos,
[que já são escassos nessa sociedade,
Tornam-se inexistentes para esses doentes,
Que negam até o fim a doença.
Alegam ser mais espertos
Por estarem enganando a todos.

Mentir é do ser humano,
Mentir para ‘Deus e o mundo’,
De forma a acreditar em sua mentira
É a mitomania.

-Pinóquios da vida vão se tratar!