Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sábado, 26 de setembro de 2009

QUERIDOS AMIGOS,

Já é tão tarde,
Os ombros já estão tão cansados,
A vida anda tão pesada.

Foram sublimes
Os momentos passados.
Hoje eles são
As mais ternas memórias.

Muitos de vocês
Já se foram...
Simplesmente seguiram seus rumos
Para trilharem caminhos
Não tão próximos dos meus.
Outros ainda,
Estão a meu lado.

Não há diferença
Entre passado e presente
Quando a questão é a amizade.
Os de ontem e os de hoje
Possuem o mesmo lugar cativo
Dentro de meu peito.

Ambos me fizeram mais forte,
Mais crescida,
Mais eu.

Em momentos diversos
Um sentimento foi unânime:
O companheirismo.

Com vocês muitas lágrimas rolaram.
Umas de extremo gozo,
Perdidas entre risadas infinitas.
Outras de profundo pesar.

Já me dispus a ouvir
Diversas confissões,
Desabafos,
Pequenas fofocas.
Da mesma forma,
Que muitas vezes,
Cederam prazerosamente
Calorosos minutos
Às minhas alucinações.

Não sei
Se no dia que partir
Verterão lágrimas por mim.
Pois neste momento deveras
Perceberei quem, realmente,
Foi-me sincero.

QUE SEJA ELE,ENTÃO

Pode ser compreendida
Como a mais antiga das
Provas de amor.

Pode ser visualizada
Como uma ultima tentativa desesperada
De fisgar o homem que se julga ideal.

Especulem.
Encarem segundo vossas vontades.
Apenas digo que não é nada disto.

É algo além...
Além do amor...
Além do mero desejo...

É a mais pura das
Demonstrações de egoísmo.
É o receio de, no futuro,
Mergulhar em um mar de frustrações,
No qual normalmente se emerge e,
Adicionar a todas estas
O desperdício de uma das mais importantes e
Subjetivas oportunidades de uma mulher.

Então,que seja ele.

PARA I.COM TODA GRATIDÃO POSSIVEL

Um dia há muitas primaveras,
Antes das flores penderem de seus galhos e,
Os passarinhos voarem de seus ninhos
Fez-se o silêncio.

Antes de tudo isso,
Uma rosada senhora
Concedeu-me a melhor aula da minha vida:
As inconstâncias do individuo e
Sua vivencia plena.

A efemeridade da existência
Relega ao esquecimento
Sutis manifestações do real objetivo da vida:
O abraço entre amigos,
O dialogo entre pais e filhos,
O nascimento de uma rosa.

O homem do século XXI,
Emerso em sua obsessiva intelectualização,
É atarefado em demasia para
Entender a dádiva que é sua vida.

Perde tanto tempo
Buscando compulsivamente enriquecer e,
Quando seu mundo desaba
Digna-se a compreender que
Menosprezou as singelas demonstrações que
A vida lhe concedeu [e concede] diariamente,
Dando sentido a tudo.

Esta mesma senhora ensinou-me
A saber quando falar e
Quando calar.
Por mais que a fúria
Embebe seu ser em cólera.

O ódio pode ser forte motor,
Mas é impreciso, ineficiente e falho demais,
Para ser o mais próximo de
Um sentimento tão soberano e preciso,
Como o amor.

Para matar o amor
A arma mais forte é o desprezo,
Que congela tudo que é pulsante.

Então veio o silêncio,
Cedo demais para que fosse possível
A assimilação de tudo que
Aquela velha senhora me ensinou.