Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

NÃO QUERO LHES DIZER ADEUS

A distancia me assusta,
As longas retas nas estradas
Produzem a angustia única
Da separação que anseia em ser rompida.

As luzes da cidade à noite
Trazem-me a saudade daqueles
Que por algum infortúnio
Partiram para sempre ou apenas para longe.

Nem que o longe seja
Um outro caminho
Dentro de uma mesma rede de escolhas.

Ao recostar a cabeça no travesseiro
A solidão abate.
Não ter as calorosas palavras
De consolo, de sacanagem;
Os efusivos e sinceros abraços
Torna-me tão frágil e tão vulnerável.

É também na cama
Que recordo os corpos
Que um dia se fundiram ao meu;
Das caricias ardentes que provei;
Dos beijos mais insanos.

Há, pois, o vazio dos teus braços,
Refugio único e eterno,
Que me protege,
Traz paz, conforto e consolo.

O deprimente de tudo
É a cruel certeza
De que no fim de um túnel
Haverá uma bifurcação
Que levará para longe do meu lado,
Aqueles com que minha vida fez mais sentido.