Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

domingo, 31 de janeiro de 2010

POEMA BOBO TIRADO DO BOLSO

Eu te amo
Por não saber mais o que fazer;
Amar-te és a única coisa que me resta,
É o alento da minha alma
Sozinha no mundo.

Eu te amo
Por ver que tu
És alguém que me transforma;
Alguém que se faz único e
Insubstituível em minha vida.

Eu te amo
Por faltar as palavras mais singelas
Para te definir,
E definir todo o que me abate.

Apenas sei que te amar
Torna-me mais vivaz,
Mais exuberante,
Com mais esperança nas pessoas.

Eu te amo
Porque fazes o inesperado,
Porque és inesperado,
Mesmo que te espere em meus sonhos.

Eu te amo
Por ser diferente,
Peça exclusiva da minha coleção.

Não sei o quanto amo
[mas sei que amo;
Não sei o quanto vai durar
[mas sei que vai durar o necessário;
Não sei quem vais ser amanhã em minha vida
[mais sei que vais ser importante.

ESTRANHA

Esse mundo não me pertence.
Ele em seus giros e fusos
É tão estranho e tão novo.

Mas o que posso fazer?
Já vaguei por vários mundos
E neles me perdi ainda mais.

Essa época não me pertence.
Suas danças,
Suas musicas e seus ritmos,
Todos me são estranhos.

Sou um ponto perdido
Numa terra de ninguém;
Um coração a pulsar gritante
Sem ser ouvido.

Sou uma solitária
Em meio às multidões;
Uma estranha a todos os ambientes.

Sou minha melhor amiga,
E a pior inimiga.
Amo-me mais do que ninguém,
Mas também me odeio
Por justamente não me amar o suficiente.

Num mundo de tantos sinônimos,
Sou quase como exclusiva.
Sou duas almas
Lutando dentro de um mesmo corpo.

Sou sutil e brutal;
Sou doce e amarga;
Cândida e libertina;
Santa e puta.

Sou estranha a todos,
Sou estranha a mim.
Julgam-me por algo
Que nem ao menos sei
Se realmente sou.

Sou perdida num mundo,
Numa época,
Perdida em mim.

Esse mundo não me pertence,
Eu não pertenço a ele,
Será que a mim me pertenço?