Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

SKY OR HEAVEN?

O céu é belo.
O céu azul com sol quente
Concede as forças e a coragem
Para se enfrentar um novo dia.
O céu nublado
[para mim mais belo]
É poesia,
Alento,
Lagrimas e melancolia.
O céu escuro da noite
Traz uma paz sem igual,
Uma estranha felicidade
Oriunda do brilho das estrelas.

Será que há algo
Por trás da cortina de nuvens e estrelas?
Será que há algum velho barbudo
Sentado em um trono de ouro?
Será que o Heaven se esconde por trás de um Sky?

As luzes da noite confundem,
Seu brilho dá medo
[aos que temem extraterrestres];
Mas também reconforta
Aqueles que choram
Pela perda de um amor.

Mais uma fez a fantasia,
A ilusão do impossível.
É claro que os que partem
Não ascendem ao céu de Sky,
Neste céu só ocorrem fenômenos físicos,
Nuvens, tempestades, supernovas.
Mortos não se transformam em estrelas,
Seu céu nada tem de material,
É alguma dimensão paralela,
Que nunca ninguém
Voltou para retratar.

-Seria então, burrice olhar para o céu de Sky,
Buscar uma estrela,
Conversar com esta,
Crendo que estou falando com meu amor
Que para tão longe viajou?

sábado, 19 de dezembro de 2009

A MINHA SOLIDÃO

A minha solidão
Veio com o anoitecer;
Com o acender das luzes dos edifícios,
Com o ligar dos televisores.

Os chefes de família
Chegavam de mais um dia de trabalho.
Chegavam a suas casas,
Beijavam suas mulheres,
Faziam cafuné nas cabeças de seus filhos.

Em minha casa ninguém chegou.
A mulher e o homem trabalhavam...
Ela a sete palmos,
Jamais chegaria com o crepúsculo.
Começa, então, minha solidão.

Ele, cotidianamente,
Rumava a outro destino
Após o batente.
Rumava a outros braços,
A outras mesas e outros pratos.
Deveria me contentar com telefonemas.

A minha solidão
Veio com a companhia.
Uma em um milhão,
Tantos ao redor,
Ninguém que me ouvisse.

Ele já voltava para casa,
Controlava com grilhões,
Palavrões e insultos;
Relatórios de onde estar,
O que fazer.

Carinhos vazios,
Rudes para alguém tão sensível,
Tão delicada e emocional
Como um vazo de porcelana
Prestes a se espatifar.

A minha solidão
Veio com a presença ausente,
Com a vida comum,
Com as brigas corriqueiras e as lagrimas.

Tão só na volta para casa,
Tão só em casa,
Já não tinha os amigos que alegravam,
Restava, portanto,
Entregar-me ao calor dos versos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PIZZA?NÃO!TATU

O mundo está pelo avesso?
Estarei eu pelo avesso,
Ou apenas caindo pelas tabelas?

Tudo foi sempre assim,
Mentiras,
Falsários nos altos postos de poder,
Roubos e mais mentiras?

Ninguém move uma palha,
Ou é impressão minha?
Porque eu não movo
A tal palha?

É conveniente a alienação,
A apatia,
O desinteresse pelos bolsos,
Malas e cuecas que circulam
Cheios do dinheiro,
Do meu dinheiro,
Do seu dinheiro?

Incrustam nos jovens
O crer na própria alienação.
Incrustam também
A indiferença.
-A corrupção existe desde que o mundo é mundo!
Chegou aqui com Cabral e,
Eu não posso fazer nada!

Então para tudo!
Isso aqui está girando depressa demais
E eu quero descer!

Não posso admitir!
Não posso ser enganado tão esdruxulamente,
Por tão péssimos atores!

Vamos!
Vamos todos reclamar nossos direitos!
Vamos executar as vozes,
Cujo silencio é conveniente!

Isso não é a revolução.
Não precisa ser.
Não sou louco,
Comunista ou anarquista.
Mas posso mover a mudança,
Sou livre para isso!

Todos calados?
Nenhuma reação,
Só os mesmos loucos de sempre?

-ovelhas de presépio!

Vou enfiar minha cara em um buraco
E dar uma de tatu.

DE ALGUM SONHO E MUITA VERDADE

Um dia eu encontrei um anjo.
Ele havia se perdido,
Havia perdido as asas e
Não sabia como voar.

O meu anjo
Havia deixado sua candura de lado.
Estava cansado da pureza
Do recanto celestial;
Queria ser homem
Como os homens do mundo,
Meio bruto, meio ogro.

Foi afastando-se
Do que julgava como bom em demasia.
Possuía um desejo de ser mal,
De tocar no mel(fel)da maldade.

E eu dizia:
-Você é essencialmente bom,não seja tolo!
E ele retrucava:
-Só você vê isso!

Seria eu cega,
Ou o mundo enxergava
O que meu anjo
Queria que vissem?


Muitos me julgaram
Como ingênua,
Insana,
Idiota por acreditar da beleza,
Na bondade de
Um anjo que julgavam néfilin.

Mas continuei a insistir,
A acreditar no meu anjo,
A ajudá-lo no que julgava ser importante.

Ele agora busca
Seu ponto atom.
Oxalá que o encontre,
E retome a plenitude do espírito
Que tantos buscam e
Apenas alcançam com a morte.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

NEM SOMBRA,NEM SOL,NEM EU,NEM NADA

Não sei quem sou,
Nem ao menos de que sou feita.
Apenas sei que meu coração é mais um
A bater no mundo.

Posso falar que sou 100% emoção,
Mas como saber?
É estonteante alegria,
É voluptuosa paixão,
Lacrimosa tristeza.

Tenho mil e um sorrisos
Prontos a quem requisitar,
Ou simplesmente se aproximar.
Também tenho mil e uma lagrimas,
Derramadas no silencio,
Na mais profunda solidão.

Sinto o brilho,
As pessoas vêem esse brilho.
[Alguém pode me explicar sua origem?
Deve ser esse brilho que torna tudo diferente:
A visão de mundo,
O sentir,
O amar.

Vejo as metamorfoses,
As viradas do caleidoscópio,
Vejo-me numa dualidade sem fim.
Do gozo extremo de felicidade,
Ao mais fundo dos abismos da depressão;
Da manhã de sol tímido e nascente,
A tempestade de raios trucidantes;
Da ingênua brisa
Ao perverso furação.

São muitas as metades,
Subunidades distintas e divergentes
De um todo fragmentado.
Em uma metade há o silencio,
Na outra os gritos.

É então que eu grito...
Grito para mim mesma;
Grito sem ninguém ouvir,
Grito sem palavra alguma.

É então que me ponho a escrever,
São tantas as inquietações,
Tantos gritos não ouvidos,
Que a minha única esperança
É o consolo de versos em um papel.

Até que um anjo cabeludo,
Um duende narigudo,
Ou um ET cabeçudo
Apareça e me responda,
Continuarei sendo um mistério a mim mesma.

PERSONAGENS

Imaginemos a vida
Como um texto de continua escrita,
Em que diariamente anexamos
Um evento a mais.

Em determinado momento,
Paramos e lemos
O que foi escrito até então;
Revemos coesões e coerências
[inexistentes ou não;
Analisamos personagens.

Personagens...
São tantos, identificáveis ou não;
Meros figurantes ou indispensáveis;
Enxurrada de vilões para uma garoa de mocinhos.

Apesar de inumeráveis personagens,
Podemos distinguir nitidamente:
Os que fizeram parte do passado,
[E perpetuaram-se;
Os que desapareceram;
Os que atuam no presente;
Os mais improváveis atores do futuro.

O passado sempre nos remete a memórias,
Revestidas da glória da ternura e da saudade,
Ou do mais profundo dos pesares e ressentimentos.
Podemos cultivar a mais bela das amizades,
O mais intenso dos amores, e
Levá-los para a eternidade.
Estas serão as pessoas essenciais
Na trajetória de qualquer um.

Do passado,
Também podem emanar
As mais desagradáveis experiências;
As mais decepcionantes lembranças,
E consequentemente,
As pessoas mais desprezíveis,
[Que merecem desaparecer da historia.


O presente é mais bizarro...
Clama-se para não se findar,
Quando é a mais perfeita continuação
De vivencias gloriosas do passado,
Ou apenas momentos novos e incríveis.
Mas também se espera,
[com toda a esperança,
Que se acabe logo.

Mais uma vez os personagens
Serão de importância sem igual.
Atores do passado partem,
Ou apenas permanecem e mudam de papel,
Ou ainda continuam com sua atuação.
Emergem novos atores;
Novos amigos, amores e vilões.

Futuro?!
Ainda não vivemos
Para escrever suas paginas;
Decerto não devemos temer
A presença dos ascos do passado e do presente,
Já que o carrossel do destino
Gira rápido demais,
E nos guarda infinitas surpresas.

domingo, 6 de dezembro de 2009

DESAPAIXONAR

Passada a euforia
Dos primeiros encontros;
O encantamento dos primeiros beijos;
O tesão das primeiras transas,
O que resta?

Era amor de fato,
Ou apenas uma paixão forte e funesta,
Que arrebatou dois corpos,
Sem entrelaçarem suas almas?

A paixão é dual,
Filha legitima do mestre Universo.
Atom do Romantismo,
Chama nas camas de motel.

É bela,leve e pura
Nos ingênuos romances juvenis,
Sem nunca deixar de ser pútrida,
Voluptuosa e maliciosa.

Sua poesia é existente apenas
Na própria poesia.
É humana e sensível em demasia
Para ser cantada como ideal.

A paixão arde,
Queima e dói;
Doem as entranhas e o coração.
É como o álcool na ferida,
Dolorosamente prazeroso.

É teleguiada por hormônios,
Impulsos nervosos;
É longa e rápida,
Para se transformar em angustia,
Em mais dor...

Desapaixonar é mais belo,
É de tal sossego e plenitude,
Que a felicidade de estar vazio
É a mais doce das bebidas.

Venerável é o desapaixonar,
Quando acompanhado da
Construção de um amor incondicional.

sábado, 5 de dezembro de 2009

REFLEXÕES SOBRE ELE-PARTE 3

Ele parece temer,
Que meus olhos
Procurem uma direção
Em que possa não estar.

Ele parece temer,
Que minhas mãos
Busquem outros corpos
Diferentes do seu.

Ele parece temer,
Que em meus pensamentos
Sejam outros os sujeitos
Dos devaneios e suspiros.

Ele parece temer,
Que de meus olhos
Vertam as mais salgadas lagrimas
De ressentimento e rejeição.

Ele parece temer,
Que meu corpo seja violado
Por mãos algozes,
Por membros viris.
Ele deseja me guardar.

Ele parece temer,
Que meu caminhar
Seja inviabilizado pelas quedas.
Ele não deseja que me machuque.

Ele parece temer,
Que meu coração
Seja refém de algum cabeludo,
Metaleiro ou afins.
Ele deseja ser majestade em meu coração.

Ele parece temer
Que o pleno exercício do viver
Afaste-me de seu lado.
Ele quer ser senhor da minha vida.

CANÇÃO AOS LOUCOS MAROLEIROS

Primavera dos sonhos;
Florescer da juventude;
Levanta-te da ilusão e
Contemple a paz.

Brisas frias do Oriente
Trazem o equilíbrio
Que constitui a tênue linha
Entre a harmonia e o caos.

Os quatro elementos,
Em perfeita sintonia,
Musicam toda a sinfonia
De regozijo a existência.

A força elementar,
Que habita cada coração
É o motor de toda a perfeição.

As trevas se dissipam
Diante a emersão de um sorriso.
A luz criada pela movimentação
De músculos e arcadas é
A mais feroz arma contra a tristeza.

A magia do viver
Transcende as intempéries
Das emoções humanas;
Sendo divina
Sob tarde ensolarada,ou
Noite tempestuosa.

MITOMANIA?

A fantasia se torna estilo de vida.
As estórias são a vida.
As palavras se lançam
Aos quatro ventos,
Todas vazias do menor sentido.

A ilusão deixa o plano das idéias,
Deixa de ser apenas um sonho,
Para ser o real,
A vida,
O cotidiano.

Manipulação?
Astúcia?
Fragilidade?
Certamente doença.

Os objetivos podem até ser alcançados,
Mas qual será o preço disso?
A vida alheia?
A sua vida?

Os escrúpulos,
[que já são escassos nessa sociedade,
Tornam-se inexistentes para esses doentes,
Que negam até o fim a doença.
Alegam ser mais espertos
Por estarem enganando a todos.

Mentir é do ser humano,
Mentir para ‘Deus e o mundo’,
De forma a acreditar em sua mentira
É a mitomania.

-Pinóquios da vida vão se tratar!

domingo, 29 de novembro de 2009

AMOR?ETERNO?

O amor é eterno,
Em sua efemeridade.
Passa como a brisa vespertina,
E fere deixando a mais profunda das cicatrizes.

O amor é diáfano;
Longe do alcance do palpável;
Pertencente ao reino do imaterial.

-Seria então o amor uma farsa,
Quizá uma doce ilusão?

Os velhos,
Os sábios ao longo dos tempos
Alertam em seu tom praguejante:
-O amor é dor!
Vais sofrer por toda eternidade por causa de seu amor!

A dor passa,
O amor permanece,
Cresce e fica...
Fica transfigurado pelas forças do destino,
Da rotina.

Tolice!
A mais completa das tolices humanas!

A dor permanece.
Por ser humana,carnal;
Real e material.
Quando não permanece em essência
É sua lembrança que açoita a todo instante.

A dor não se submete as vicissitudes do tempo;
Não se abala mediante a sorrisos,
Ou lagrimas.
Não é Deus,
Mas dispõe-se de sua onisciência e onipotência.

O amor é como o vento;
Como a fumaça de um cachimbo...
Esmorece e desaparece
Ao menor sinal
Do tremor precursor da dor.

Ainda assim
Muitos acreditarão na eternidade no amor;
Julgarão estes versos como hereges,
Insanos e amargurados;
Novamente serão tolos!

O que sentirão arder no peito
Por toda vida
Não é o amor,
É apenas a dor que restou de seus destroços,
[não necessariamente desagradável.

-O amor é efêmero...a dor é eterna.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Marolagem

Que mundo é este,
Que deixaste fugindo,
De maravilhas que insistes em recordar,
Num mundo arrogante e besta como a Terra?

Por que fugiste,
Se lá é tudo tão belo,
Tão perfeito e surreal?
A perfeição é inútil
Mediante a solidão,
Fazendo-te refugiado.

Como o Pequeno Príncipe,
Voaste numa estrela,
Despencando na insanidade
Do mangue de traçantes.

Onde está a tua rosa?
Provavelmente não dentro de uma redoma.
Por mais que a preze ,
Nenhum bem merece superproteção,
Pois pode se findar
Sufocado em cuidados.

Teu suspiro é leve brisa,
Que balança meus cabelos.
Tua voz é ausente,
Serena e meiga,
Repleta da mais terna tranqüilidade.

Surrealmente com palavras
Desprovida de sentido,
Constróis as reflexões
Mais cruciais à vida
Daqueles que não são príncipes.

Abstrações,alucinações;
Universos paralelos;
Pontos convergentes de perpendicularidades?
Absurdo para a maioria dos ortodoxos,
Realidade para um pequeno sonhador.

Sementes da mente,
Muito mais que fruto de alucinógenos.
Transcendência dos paradoxos
Dominantes numa sociedade sem sonhos.

Incompreensivelmente encantador,
Pequeno [alternativo] príncipe,
Que aleatoriamente teleportaste
Para o sossego de meu regaço.
Apenas proteja-me dos ETs,
Com a companhia dos duendes,
Já que as fadas não existem,
[seu louco.

Proibiram-me

Proibiram-me de sair;
Proibiram-me de pensar.
Proibiram-me de tentar;
Proibiram-me de amar.

Proibiram-me de sonhar;
Proibiram-me de voar.
Proibiram-me de sentir;
Proibiram-me de entregar.

-Que tirano proibiu-me de tanto?

Proibiram-me de construir as
Mais absurdas ilusões,
Com o mais absurdo dos personagens.
Puseram-me trancas,
Contrataram guardiões para
Resguardar algo que merece ser perdido.

Sei que flechadas martirizam;
Crucificam o coração lastimado,
Mas isto já é fiel companheiro.
Que mal tem mergulhar novamente no abismo?

-A dor é estimulante ao coração.

Deixem-me livre!
Deixem me perder pelas estradas na garupa de uma moto ou,
No balanço de uma rede!
Deixem-me deparar com os espinhos e as pedras do caminho!
Deixem que elas me machuquem!

-As rosas cultivadas em redomas são viçosas e superficiais,
Mas não possuem a beleza e o encantamento das
Marcadas pelos espinhos da vida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MEU ANJO

Meu negro anjo,
Por que desceste tão baixo?
Mergulhaste em um abismo,
Que não fazes idéia de quão profundo é.

Terás que conviver com os monstros,
Que diariamente me ponho a gladiar.
És tão sensível,
Tão diáfano,
Que temo que vás esmaecer e desaparecer
Com os tornados terrenos.

Meu anjo dos olhos cândidos,
Que se configuram tristes,
Numa tristeza orgânica e
Inexplicavelmente inspiradora.

Em teu mergulho
Tuas asas foram despedaçadas e,
Ponho-me,então,a recolher os destroços,
Recompondo-as com a mais terna paciência.

A vigília lancina-te,
Corrói cada centímetro de tua esperança e,
Peço-te,apenas,que aninhe-se em meu peito,
Entregando-te a meu aconchego e proteção.

És guerreiro,guardião,
Mas deixe que eu te guarde,
Acalente-te no seio de meu amor.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DONAS

Dona dos olhos de gueixas,
Dos lábios de lótus,
Dos cabelos de véu tempestuoso.

Dama dos sonhos
Perdidos de outrora,
Pelo badalar dos sinos da abadia do destino.

Senhora alheia ao
Desalento dos rebentos,
Que choram e gemem
Implorando atenção.

Princesa sádica e doentia,
Que perverte as coisas tão mais lindas
Com o balançar dos seus leques de escarlate sangue,
Numa alusão a afiada adaga dos samurais.

Infanta perversa,
Cuja inocência é corrompida
Pelo veneno da maldade,
Que lhe foi dado junto ao leite materno.

Tirana imponente
De poderio inalcançável,
Que não deixa-se tocar de modo algum,
Nem pelo mais honroso dos homens da Terra.

Feiticeira de magias e poções,
De encantos e posições
Ardilosas como os encantos das Arábias.

Mulheres unas,
Distintas em suas circunstancias,
Que perfazem os imaginário e,
No anonimato,fazem o mundo tal como é.
[apesar de não ser o que é visto]

TALENTOS

Mágicos e suas magias,
Truques ilusionistas que
Mascaram o real recobrindo,
De terna ilusão,
O cândido coração das crianças.

Filósofos e a dialética,
Sofistas não declarados,
Cujo poder de retórica
É inebriante bebida que degustam sem embriagar-se,
Sem,no entanto,deixar de embriagar.

Professores e o ensino,
Mestres edificadores de uma sociedade
Que é corroborada pelos contínuos e mutualisticos
Fluxos de aprendizado.

Artistas e suas artes,
Por vezes ocultas,
Por outras, reluzente brilho de esperança
Ao desalento cotidiano,
Como o soar estridente dos acordes de uma guitarra.

Poetas e a poesia
Da qual consomem e são consumidos,
Quando entregues ao doce e plácido
Lago das idéias,da imaginação.

Profetas sem fama,
Cujas palavras guardam alíquotas
De um possível futuro
No destroçados rabiscos do presente.

Apenas homens...
Repletos de deficiências e contradições,
Que encontraram o diferencial de suas realidades paralelas
Através da expressão de seus talentos.

sábado, 24 de outubro de 2009

(MINHAS)forças da natureza

Entidades...
Elementos supra-humanos...
Volúpias...
Forças da natureza...

Mulheres com forma de rios,
Que oscilam em periodos
De doce riacho a
De temerosos rios de morte.

Pororocas,
Encontros de águas,
Fusão de rios rumo ao mar.
Mar de calmaria,
Mar revolto de tempestade... Maremotos.

Chuva como torrente de lagrimas,
Força de destruição
Intrínseca a dádiva.
Cândida garoa,
Cruel tempestade com raios de fogo.

Mago da névoa,
Suicida de outrem,
Diáfano como a fumaça
Do cachimbo do abolicionista.

Filho do vento,
Rebento da energia
Que circula com sua invisibilidade
Carregando a matéria dos gases.

Albinos gelos do Ártico,
Mutáveis e voláteis,
De rígida superfície
Que paulatinamente se queima e derrete
Com os raios tímidos do Sol da primavera,
Mas sem nunca atingirem os gelos eternos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quando o guerreiro abandona a deusa

Meu altivo guerreiro,
Prepúcio de tempestade,
Fumaça da piteira das cortesãs.

Mais uma batalha vitoriosa!
Venceste a morte
No seio latente da vida.
Venceste o imprevisto,
As intempéries com o rasgar do véu
Por teu sabre,teu fuzil.

Na aurora deste novo dia,
Quizá será vencedor?

Na escola do tempo,
Nos saberes do mundo
Vitórias e derrotas são pontos de vista.
Mas fato é,
Que apenas vence os de coragem
Desprovidos da preguiça.

Meu jovem...meu amo,
És bravo,ousado...
Emanas a coragem.
Longe da perfeição,
Da idealização do vento,
Pecas pela preguiça.

Eis que desembainho uma flor
Matando-te a meus pés.
Rendido?
Jamais!
Cansado?
Sabe-se lá?

Quando fores general,
Quando houver caminhado
Pelos vales negros e pelas campinas floridas,
Compreenderás a dimensão além do rosa e gay.

Verás as sombras,
Que conhecestes por trás
Dos olhos de águia,
Cujas lágrimas verteram as cataratas
De um mundo mais sombrio,
Que sua vã filosofia suporta.

Desprenda-te desta figura miserável,
Desfigure esta máscara de horror
Que aprisiona teus belos olhos.
Reluza o diamante ,
Que um dia o garimpo do destino,
Pós nas mãos da deusa
Que o lapidou,
Que o enriqueceu,
Que o partiu,
Por mais que apenas uma lasca seja visível.

A deusa está deitada...
Num leito de morte?
Nupcial?
Vá vê-la!

Esqueceste que abriste
O livro proibido da vida e,
Que bebericaste dele junto dela?
Não podes fugir...
Não podes estar preso...
Então não a prenda,
Não a deixe esperando agonizante.

Sigas para o lago,
Traga da mais doce água para ela.
Meu guerreiro,
Você é o único...
Indubitavelmente e inesquecivelmente o único...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Audhumla


pequeno pedaço da ilusão dos meus dias,
recanto deserto,
deposto do pudor mais óbvio,
lancinante olhar de gueixa do sul japonês.

desencanto que bateu à minha porta
recolhendo o pesar despedido de outrem.
reluzente partícula do amanhã que avultua
com a inocência maliciosa
das meretrizes do mundo.

transluzente dumbo
que embebeda-se nas montanhas
alpinas albinas recobertas pela fuligem do chocolate. (leia-se "o peeeeito da juliana")

anjo nefilin que decaiu
sabe-se lá de que ponto do Heaven
de um Eric que cansou-se de seu Tears.

livro de suspense ,
cujas páginas negras
trancam sua incoerência
nos abismos abissais
dos peixes leoninos.

minha volupia gelada,
força dos tornados do norte,
devasta os negros corações
dos almirantes de grande leme.

finde-se o dia,
emerja a noite,
mas não retire-a de minha companhia....

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

REFLEXÕES SOBRE ELE - PARTE 2

Reflexões sobre ele -parte 2

Ele mostra-se tão indiferente
Quando devaneio,
Quando me aventuro
Pelas mais ternas ilusões.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando minhas expectativas
Ultrapassam o limite da sanidade e,
Os medos tomam conta.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando a o meu ponto de vista
Diverge da sua concepção de mundo.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando as flores,seus aromas,
Suas cores e beleza
Encantam-me singelamente.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando a minha fé
No mundo,nas pessoas,
Nele próprio,
É demasiada grande,
Gerando minhas frustrações.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando eu lhe digo
Que suas verdades não são absolutas e
Suas opiniões são controversas demais.

Ele mostra-se tão indiferente
Quando eu lhe digo
-Eu te amo!
Apesar de saber que
Nos confins de seu coração
Ele também me ama.

sábado, 10 de outubro de 2009

MULHER,MULHER,MULHER

Doces moças,
Levianas e cândidas,
Inocentes donzelas que povoam os sonhos.

Damas senhoris,
Meretrizes acrobáticas,
Enigmáticas princesas do imaginário masculino.

Mulheres do Oriente,
Submissas, oprimidas.
Almas livres,
Caladas por trás do véu.

Gladiadoras da globalização,
Fênix independente,
Como lareiras crepitantes de insaciável combustível.

Ninfetas ingênuas,
Deusas de uma sabedoria oculta,
Que ensandecem os petizes iniciantes
E os amantes à moda antiga.

Ninfas encantadas
Com suas poções e olhos mágicos,
Toques vibrantes malabarizam o contente membro.

Fortalezas reprimidas,
Desejos recolhidos,
Inflexíveis ao romper a barreira de epiderme.

Volúpias volúveis,
Efêmeras sem razão,
Paixão... Fulgor.

Criatura divina
Moldada a barro e a fogo,
Forjada no âmago do amor.
MULHER,MULHER,MULHER.

REFLEXÕES SOBRE ELE -PARTE 1

Ele parece não me ouvir,
Quando partilho
As mais singelas trivialidades.

Ele parece não me ouvir,
Quando as alucinações
Sucumbem a racionalidade.

Ele parece não me ouvir,
Quando mergulho em agonia,
Dividida entre anseios e receios.

Ele parece não me ouvir,
Quando minha boca
Transborda paixões funestas.

Ele parece não me ouvir,
Quando as ilusões são fortalezas intransponíveis ,
Complexas,conturbadas e maravilhosamente desejadas.

Ele parece não me ouvir,
Quando ignoro suas palavras,
Trilhando um caminho em oposição
A seguridade de seus braços.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O VOO DA FRAGATA

Voa velha fragata,
Vá ser livre!
Libere-te de tuas amarras,
Alce teu vôo puro.

Voa velha fragata,
Para além mar!
Longe de teu cativeiro,
Onde não sejas subjugada
Por teus algozes.

Voa velha fragata,
Levanta-te do leito de angustia!
Mergulhe no mar de paz,
Esqueças de toda a tristeza.

Voa velha fragata,
Desprenda de teus olhos
As mais salgadas das lagrimas,
Fazendo chover no sertão.

Voa velha fragata,
Não tenhas medo de chorar!
Inundes as planícies Amazônicas.

Voa velha fragata,
Mas não esqueças
De levar contigo
Meu amargo coração.

AS METADES

Uma metade
Da minha família perdeu-se.
Foi a metade mais pura,
E a mais bonita.

A realidade
É o mais longo sonho,
Que eu poderia estar sonhando.

Se consolidou como sendo
Muito mais que mero sonho.
Um cruel e distorcido
Pesadelo interminável,
Que paulatinamente dilacera
As minúcias de minha razão.

Caso o sonho,deveras,
Tenha sucedido,
Certamente foi no passado.
O qual revestiu-se
De um esplendor irreal.

-Oh morcego da discórdia!
Por que bateste tuas asas e,
Levaste para longe de meu lado
A parte mais bela e inocente de minha família?

Findou-se o meu idealizado sonho,
Escancarando-se as portas do reino do pesadelo.
Todos os seus demônios saíram,
Pondo um ponto final
Na perfeição do meu real.

A metade mais linda
Da minha família partiu,
Cedo demais para
Assimilar que o sonho acabou.

QUE VOLTES DEPRESSA

Meu lorde inglês
Onde estavas?
Por que repentinamente
Emergiste do branco.

Ulisses chegou
A nosso recanto sem ti.
Imediatamente inquietei-me :
-O que sucedeu com meu lorde?

Num ímpeto de desespero
Rompo noite adentro,
A esmiuçar a floresta densa.

Os urubus,as corujas
Cantam-me tua canção de partida.
Com os cabelos em desalinho
Mergulho em um pérfido enlouquecimento.

Desato-me a chorar,
Inconsolável perante tua partida.
Desiludida com a noite ,
Cuja escuridão separou-me de ti.

Não há mais lagrimas...
Não há mais cabelos...
O tempo foi tão tirano,
Condenando-me a penitencia eterna.

Eis que ,numa tempestuosa noite,
Tu reapareceste das sombras
Embainhando tua espada,
Arrebatando-me num abraço sufocante.

LUZES DA HISTÓRIA

Luzes da escuridão...
Contraditório ou não,
Busca-se o claro no escuro,
O cheio no vazio,
O principio no fim.

É a obscura angustia,
Que assim como a maré no rochedo,
Vai batendo,ferindo,desfalecendo
Um coração amedrontado
Que receia a consolidação da intuição.

Breve são o tempo e a convivência
Quando se abate o perigo,
Quando o inimigo
Tudo está mais frio,
Então, tudo é muito pouco...

Agora tudo o que foi vivido
Está no passado.
Momentos são memórias...
Clama-se para que o tempo retorne,
Para não chorar a saudade,
Para não defrontar com a realidade.

Tão mais vazio e triste.
É um dia de inverno
Em que os ventos balançam as folhas e,
Vem lhe buscar a porta.

sábado, 26 de setembro de 2009

QUERIDOS AMIGOS,

Já é tão tarde,
Os ombros já estão tão cansados,
A vida anda tão pesada.

Foram sublimes
Os momentos passados.
Hoje eles são
As mais ternas memórias.

Muitos de vocês
Já se foram...
Simplesmente seguiram seus rumos
Para trilharem caminhos
Não tão próximos dos meus.
Outros ainda,
Estão a meu lado.

Não há diferença
Entre passado e presente
Quando a questão é a amizade.
Os de ontem e os de hoje
Possuem o mesmo lugar cativo
Dentro de meu peito.

Ambos me fizeram mais forte,
Mais crescida,
Mais eu.

Em momentos diversos
Um sentimento foi unânime:
O companheirismo.

Com vocês muitas lágrimas rolaram.
Umas de extremo gozo,
Perdidas entre risadas infinitas.
Outras de profundo pesar.

Já me dispus a ouvir
Diversas confissões,
Desabafos,
Pequenas fofocas.
Da mesma forma,
Que muitas vezes,
Cederam prazerosamente
Calorosos minutos
Às minhas alucinações.

Não sei
Se no dia que partir
Verterão lágrimas por mim.
Pois neste momento deveras
Perceberei quem, realmente,
Foi-me sincero.

QUE SEJA ELE,ENTÃO

Pode ser compreendida
Como a mais antiga das
Provas de amor.

Pode ser visualizada
Como uma ultima tentativa desesperada
De fisgar o homem que se julga ideal.

Especulem.
Encarem segundo vossas vontades.
Apenas digo que não é nada disto.

É algo além...
Além do amor...
Além do mero desejo...

É a mais pura das
Demonstrações de egoísmo.
É o receio de, no futuro,
Mergulhar em um mar de frustrações,
No qual normalmente se emerge e,
Adicionar a todas estas
O desperdício de uma das mais importantes e
Subjetivas oportunidades de uma mulher.

Então,que seja ele.

PARA I.COM TODA GRATIDÃO POSSIVEL

Um dia há muitas primaveras,
Antes das flores penderem de seus galhos e,
Os passarinhos voarem de seus ninhos
Fez-se o silêncio.

Antes de tudo isso,
Uma rosada senhora
Concedeu-me a melhor aula da minha vida:
As inconstâncias do individuo e
Sua vivencia plena.

A efemeridade da existência
Relega ao esquecimento
Sutis manifestações do real objetivo da vida:
O abraço entre amigos,
O dialogo entre pais e filhos,
O nascimento de uma rosa.

O homem do século XXI,
Emerso em sua obsessiva intelectualização,
É atarefado em demasia para
Entender a dádiva que é sua vida.

Perde tanto tempo
Buscando compulsivamente enriquecer e,
Quando seu mundo desaba
Digna-se a compreender que
Menosprezou as singelas demonstrações que
A vida lhe concedeu [e concede] diariamente,
Dando sentido a tudo.

Esta mesma senhora ensinou-me
A saber quando falar e
Quando calar.
Por mais que a fúria
Embebe seu ser em cólera.

O ódio pode ser forte motor,
Mas é impreciso, ineficiente e falho demais,
Para ser o mais próximo de
Um sentimento tão soberano e preciso,
Como o amor.

Para matar o amor
A arma mais forte é o desprezo,
Que congela tudo que é pulsante.

Então veio o silêncio,
Cedo demais para que fosse possível
A assimilação de tudo que
Aquela velha senhora me ensinou.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ICE QUEEN

Imponente dama
Das inóspitas terras siberianas,
Qual o teu veneno?
O que escondes por trás deste olhar de pintura?

Luxuriosa volúpia
Que inflama-se na busca pelo utópico,
Negando e embebedando-se
Dos furtivos desejos mundanos.

Intocavelmente resoluta,
Auto-suficiente de mente,de caráter.
Relega aos reles mortais
A satisfação de seus mandados.

Encantadoramente desencantada
Com as pessoas que lhe servem,
De bom grado e admiração;
De obrigação e desprezo.

Tirana rainha
Que perde aos poucos a soberania,
Paulatinamente pela frieza glacial.

Inabalável de emoção.
Majestoso livro trancado
De inebriantes paginas negras inacabadas.

-Nobre Rainha gelada,
Seu frio não é volúvel,
Filho do vento;
É seu coração que há muito
Cansou-se de palpitar e ser repudiado.

-Sua indiferença
Fê-lo congelar,
Transfigurando o fogo do amor
Em seu mais malévolo oposto,
O gelo do desprezo.

É À NOITE

É à noite ...
Sempre à noite...
Que tudo o que me faz falta
Toma corpo.

É à noite
Que a solidão vem assolar,
Carregada pelos braços da saudade,
No colo da tristeza.

É à noite
Que eu não consigo dormir.
O meu espírito não se aquieta,
Meus olhos não se pregam.

É á noite
Que perco meu tempo
Na maldita Internet,
Buscando sabe-se lá o que.

É à noite
Que ouço repetida e
Excessivamente as mesmas músicas.
Com a intenção de esquecer
Alguém que não me canso de lembrar.

É à noite
Que ponho-me compulsivamente
A compor.
Diversas vezes o papel
Fica recoberto por lágrimas,
Outras por suspiros de recordações.

É à noite
Que arrebento meus dedos
Nas vorazes cordas de um violão,
Chorando todas as dores e mágoas.

É à noite
Que faz de tudo mais frio...

UM AMIGO

Quero um amigo,
Que nas tardes de solidão
Converse comigo,
Acalente-me nos momentos de tristeza;
Que me conceda um olhar cúmplice
Quando eu precisar de coragem.

Quero um amigo,
Que converse comigo pelo telefone
Por horas infindáveis;
Que me abrace quando eu não pedir;
Que me aconchegue em seu peito.

Quero um amigo,
Que passeie de mãos dadas
Por um campo florido,
Ou pelas minhas ilusões;
Que me empreste seu ombro para eu chorar;
Que fique acordado comigo
Até as altas da madrugada;
Que compartilhe comigo
Suas alegrias e tristezas,
Esperanças e decepções.

Quero um amigo,
Não um amigo qualquer.
Um amigo a quem eu possa amar,
Mas não com o amor de amigo,
Amor de homem e mulher.

Um amigo a quem eu possa chamar de meu amor.

ADEUS II

Não sei como deixei
As coisas chegarem a este ponto.
Não sei onde errei.
Não sei como tudo pelo qual sempre lutei
Desmoronou sem mais nem menos.

Foi por você que meu coração
Bateu mais forte durante esses meses.
Foi você que me fez me levantar todos os dias,
Para ir à uma luta,no qual eu já havia perdido.
Foi você o motivo das minhas maiores alegrias
Depois de tudo que aconteceu.
Foi você também a minha maior tristeza.

Enquanto eu doava tudo de mim,
Você pouco se importava.
Até gostava de ver minha humilhação.

Desde o inicio todos diziam
Que isto não era certo,
Mas eu te amava cegamente.
Agora minhas vendas caíram,
E minhas ilusões contigo
Foram completamente destruídas.

Agradeço-te por tudo
Que fizeste por mim em tuas mentiras.
Peço-te perdão também
Por não conceder-te uma chance,
Pois se concedesse não estaria sendo sincera,
Não demonstraria o quanto te amo.

Só com o adeus
Você verá o quanto realmente te ame

À MINHA AMADA

Costumavas dar-me beijos
Todas as noites
Antes de dormir.

Com tuas mãos suaves
Acariciavas meus cabelos,
Minha face e,
Deitavas a meu lado.

Velavas meu sono
Como um guardião
Vela um grande tesouro,
Seu tesouro.

Desperto sobressaltada
De meu sono e,
Não estás mais a meu lado.
Onde fostes pela madrugada?

Percorro os corredores da casa,
Como um zumbi e
Nada de tua presença.
-será que fostes embora?

Abro a porta,
Desço as escadas,
Alcanço a rua buscando-te gritando:
-onde estás amada minha?

Chego a avenida principal,
Deparo-me com um cortejo fúnebre.
Abro caminho entre as pessoas,
Para identificar o falecido.
Completo desespero.
-é a amada minha!

E os anjos a levaram pelas mãos...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Nebuloso

Meu mascarado
Não confundas tanto
Este miserável coração,
Que inutilmente busca
A coerência inexistente de tuas palavras.

Poder ser sádico
O quanto quiser,
O sadismo é excitante.
Mas por favor,
Não me submeta a tanto.

Tornei-me perita em tua disciplina,
Expert em tua personalidade,
Contudo,
És um valete de espadas,
Indecifrável.

Tuas nebulosas
Tempestam em meu jardim,
Encobrindo meus vestígios
De sanidade.

Posso mergulhar até o fundo,
Beber toda água do oceano.
Realizar o mais impossível,
Tornando-o possível e banal,
Mas jamais saberei quem és de fato.

domingo, 20 de setembro de 2009

GELO E FOGO

NO COMEÇO ERA TUDO FRIO,
A PONTE DE CONGELAR.
TUDO ERA MUITO BRANCO,
INÓSPITO E APÁTICO.
QUALQUER TIPO DE VIDA ERA DIFÍCIL
DE SER EXTRAÍDA DAQUELE DESERTO GELADO.

COM O TEMPO O BRANCO
FOI SE DISSIPANDO E,
O ESPESSO GELO QUE REINAVA SOB A SUPERFÍCIE
FOI LENTA E LEVEMENTE SE DERRETENDO
ABRINDO CAMINHO A UM NOVO TEMPO.

APÓS O GELO NÃO HOUVE A ÁGUA.
FINDA A BRANQUIDÃO GELADA,
NÃO HOUVE TEMPO NEM ESPAÇO
PARA DESFRUTAR DA PLACIDEZ INSÓLITA DA ÁGUA.
DESESPERADAMENTE DEPOIS DO GELO VEIO O FOGO.

O FOGO SURGIU DO INESPERADO,
ALEATORIAMENTE,
SEM NENHUM COMO OU PORQUÊ,
SIMPLESMENTE CHEGOU
ABRASANDO A TUDO E A TODOS.

DO FOGO NÃO VIERAM SÓ AS SALAMANDRAS,
MAS TODO TIPO DE VIDA.
O FOGO TUDO GEROU,TUDO MOVEU,TUDO QUEIMOU.
SUAS CHAMAS QUENTE E ARDENTE
LAMBIAM AS PEDRAS QUEIMANDO-AS.
NÃO HAVIA MAIS O REFRESCO GELADO,
AGORA ERA TUDO CALOR E CHAMAS
SEGUIDO DE PRAZER E DOR
MAS O QUE VIRIA APÓS O FOGO.

O GELO FOI O INÍCIO
E O FIM DE TUDO.
O FOGO GEROU DO FIM
O INÍCIO DE TUDO.
POR FIM O FOGO VEM DO GELO
NUM CICLO VICIOSO QUE NUNCA SE FINDARÁ.

A ESTRELA

NUMA NOITE SEM LUA
AS ESTRELAS POVOAVAM O CÉU,
ERAM ELAS AS ÚNICAS
NO IMENSO UNIVERSO ENEGRECIDO.

DE TODAS AS ESTRELAS,UMA BRILHOU PARA MIM,
BRILHOU TANTO ,QUE SU LUZ OFUSCOU AS VIZNHAS,
DESPERTOU INVEJA.

A CADA NOITE A ESTRELA ME PROCURAVA E,
SEU BRILHO TRANSBORDAVA PAIXÃO.
MAS SERIA POR MIM TAL PAIXÃO?
SERIA POR UM HUMANO NA TERRA
QUE UMA ESTRELA NO INFINITO SE APAIXONARIA?

ELA DESCEU DE SEU PEDESTAL CELESTIAL E,
POR UMA NOITE COMIGO PERMANECEU,
MAS CERTAMENTE NÃO PODERIA ESTAR PARA TODO O SEMPRE.

ENTÃO ELA SE FOI,
PARA JAMAIS VOLTAR PARA MIM.
FOI PRESA E CONDENADA POR JÚRI GALÁTICO
A NÃO RETORNAR A TERRA.

E HOJE QUANDO OLHO PRO CÉU
NÃO VEJO MAIS A MINHA ESTRELA,
QUE DE TRISTEZA DINAMITOU-SE
PARA NÃO SE VER OBRIGADA
A OLHAR PARA MIM SEM ME TOCAR.

ABREM-SE AS CORTINAS

ABRENM-SE AS CORTINAS
E O SHOW DA VIDA SE INICIA.
MÉDICOS DANÇANTES ME TRAZEM AO MUNDO.

ENTRE BRINCADEIRAS E HISTÓRIAS,
PALHAÇOS ME ENSINAM,POUCO A POUCO,
A MAGIA DO GRANDE ESPETÁCULO DA VIDA.

GÓTICOS MASCARADOS,HIPPIES ALUCINADOS,
PADRES REVOLUCIONÁRIOS
GUERREIAM FERRENHAMENTE EM MINHA MENTE,
JUNTAMENTE COM OS HORMÔNIOS ENSANDECIDOS.

CÉUS DE BRIGADEIRO SE ALTERNAM
COM TEMPESTADES DE AREIA.
GOZO E ANGÚSTIA CAMINHAM JUNTOS,
MEU PALCO É DIVIDIDO COM OUTROS ATORES.

FAÇO,ENTÃO,COADJUVÂNCIA EM MEU PALCO,
AGORA OUTROS BRILHAM AO INVÉZ DE MIM.
MEU ESPETÁCULO JÁ FOI VISTO POR MUITOS´.
JÁ APRESENTEI DE TUDO E,
NADA MAIS ME RESTA PARA APRESENTA.

TORNEI-ME FATIGANTE E FATIGADA.
MEUS INGRESSOS SE TORNARAM ESCASSOS,
NÃO SEI SE ME TORNEI INÚTIL OU PRECIOSA.

UM DIA JÁ FUI ESTRELA,
MAS HOJE TODO O MEU BRILHO JÁ SE APAGOU,
JUNTO COM A FLOR MURCHA DA JUVENTUDE.
EIS QUE FECHAM AS CORTINAS.

A UM AUSENTE

DA TUA BOCA EU SINTO SAUDADE.
SEM TEUS ABRAÇOS ME SINTO TÃO SÓ.
EM MINHA GARGANTA HÁ NÓ.
NADA MAIS QUE DIGO É VERDADE.

NUNCA DEVIA TER DITO ADEUS,
POR MAIS QUYE TENHA FERIDO OS SONHOS MEUS,
NÃO QUERIA QUE FOSSES EMBORA.
TUDO QUE QUERIA É QUE ENTRASSES POR ESTA PORTA NESSA HORA.

ESFORÇO-ME MUITO PARA TE ESQUECER,
MAS ÉS ÚNICO NOS SONHOS MEUS.
MINHA MAIOR VONTADE É VOLTAR A TE TER.

MEU AMOR AUSENTE,
MESMO QUE FUJAS,TE BUSCAREI ATÉ NO CÉU,
POIS NÃO SE FOGE DE UM AMOR COMO ESTE,
SEM PRECEDENTE.

Ó PÁSSARO NEGRO!

ELE VEM
CAMINHANDO PELAS RUAS SUBURBANAS,
COM O PESO DE TODO UM DIA,
DE TODO UM MUNDO
EM SUAS NEGRAS COSTAS.

COM O OLHAR DISTANTE
NUM ROSTO DE PAISAGEM
QUE BUSCA ALGO NO NADA.

SEUS CABELOS MOLHADOS
PELAS GOTAS DA CHUVA DE NOVEMBRO,
CAÍDOS PELA FACE,
OU PRENDIDOS SOBRE A NUCA
CONFEREM-LHE O AR PERDIDO.

SUA ALMA DENSA
VAGUEIA PELOS SOMBRIOS VALES,
POR LAGOS,
MARGEANDO AS FLORESTAS
DAS CHARNECAS DE YORKSHIRE.

SEUS OMBROS CARREGAM A INDIGNAÇÃO,
O CANSASO E A DESESPERANÇA
DO TRABALHADOR BRAÇAL.

AMENDOADA VOZ,
QUE CANTANDO AFASTA SEUS PROBLEMAS
PARA LONGE,LONGE DO SEU LADO.

AQUELES LABIOS DE CARNE DE PÊSSEGO,
OU DE FLOR DE LÓTUS
QUANDO SE ABREM RECITAM
AS PALVRAS MAIS INSOLENTES,
QUE ENCANTAM MOLEMENTE
AS DOCES DONZELAS,
RENDENDO-AS A SEUS PODERES DE DEUS DE ÉBANO.
(para o negão do 350)

LIVROS

NUMA BIBLIOTECA
EM FORMA DE "L",
CONHECI ALGUNS LIVROS,
QUE ME DESPERTARAM
COMPLETA PAIXÃO.

LIVROS DOS MAIS VARIADOS TIPOS,
FORMAS E ESTADOS DE CONSERVAÇÃO.
HAVIA A TRAGICOMÉDIA,TIPICAMENTE GREGA;
ROMANCE,ÀMODA BRONTÉ,FRIO E DOCE;
O AUTO-AJUDA,QUE AJUDA AOS OUTROS ,MAS NÃO A SI;
DE SUSPENSE,INTRIGANTE ATÉ A ÚLTIMA PALAVRA;
DE FICÇÃO CIENTÍFICA.QUE BUSCA UMA COERÊNCIA QUE NÃO EXISTE.

CONTO-LHES DA TRAGICOMÉDIA.
UMA HISTÓRIA TÃO ELOUQUENTE
QUE TE FAZ RIR E CHORAR AO MESMO TEMPO,
SEM SABER PORQUÊ.
DRAMÁTICA ATÉ O FIM,
COM MUITA IRONIA E PERVERSÃO.

O ROMANCE...AI.
ESSE ERA LINDO!
APAIXONEI-ME PERDIDAMENTE.
ERA ENCANTADOR,SAGAZ E CATIVANTE.
LEVAVA-ME AS LÁGRIMAS,DE TANTA EMOÇÃO.
TINHA AQUELE JEITO FRIO DAS CHARNECAS INGLESAS,
MUITO PERTUBADOR POR SER DEMASIADAMENTE MISTERIOSO.

O DE AUTO-AJUDA ERA O MELHOR!
SEM DÚVIDA O MAIS CONTRADITÓRIO.
FAZIA O ESTILO AUGUSTO CURY,
TENDO AQUELA BASE CIENTÍFICA,
COM UM TOQUE HUMANIZANTE E REFLEXIVO.
MAS REPLETO DE QUESTIONAMENTOS PRÓPRIOS,
CUJAS SOLUÇÕES NÃO ENCONTRAVA SOZINHO.

O DE SUSPENSE FOI O MEU MELHOR COMPANHEIRO.
QUANDO EU MAIS CHOREI,ESTAVA COM ELE.
ELE SEMPRE ME COMPREENDIA,
CONFORTAVA-ME.
MAS ERA UM LIVRO TRANCADO,
ERA QUASE IMPOSSÍVEL SEU ENTENDIMENTO.

POR FIMO DE FICÇÃO CIENTÍFICA.
FOI O LIVRO QUE EU MAI DEMOREI A LER,
PERDI MUITO TEMPO
QUERENDO COMPREENDER QUE SENTIDO POSSUIA,
JÁ QUE DESFRUTAVA DE UMA INCOERÊNCIA
QUE SE CAMUFLAVA DE COERÊNCIA CONTRIVERSA.
TINHA PÁGINAS NEGRAS,
MUITAS VEZES VAZIAS,
QUE ME PERTUBAVAM TAMBÉM,
POR NÃO TER SEQUENCIALIDADE DE PENSAMENTO.

E NESSE MEIO TEMPO NA BIBLIOTECA,
DESCOBRI QUE TAMBÉM SOU UM LIVRO EM CONSTANTE ESCRITA,
CUJAS PÁGINAS ESCREVO A CADA DIA....

O HOMEM PERFEITO

Tantas mulheres
O desejam.
Quantas trocariam
Tudo que possuem
Por apenas um beijo seu.

No imaginário feminino
Adquire diversas fantasias,
Mas acaba sempre
Dentro de um mesmo perfil.

Ele é educado como um lorde inglês,
De tamanha inteligencia e sagacidade
Que põe qualquer político ou intelectual
No chinelo.

Imensamente charmoso
Derrete as jovens e as idosas
Com sua afiada lábia de cobra.

Sua elegância é mais que mero acessório,
É arma de sedução..
Seu perfume...
Delicadamente forte
Impugna-lhe virilidade.

É romântico
Sem os melodramas
Vazios e baratos .
É um amante à moda antiga
Que manda rosas vermelhas....
O sonho de toda mulher.

Seu olhar é como uma metralhadora
Que fugazmente fuzila
O coração das mais virginais e impurar moças.

Seus braços fortes,
Suas mãos pesadas
Pegam com violência
Um corpo lânguido.
Sabe o que,como e onde se deve fazer...

Perfeito demais
Para ser mais que um
Personagem de Jonny Deep.

SEMPRE

Sempre
Que ponho meus pés na rua,
Não sei o que o destino espera para mim.

Sempre
Que olho para o céu,
Não sei o que se esconde
Por trás das nuvens de tempestade.

Sempre
Que levanto minha voz,
Muitas tristes, outras alegres.

Sempre
Que pego no telefone,
Busco uma chamada tua.

Sempre
Que John Bon Jovi
Canta “Always”,
É você que meu coração deseja.

Sempre
Que a esperança ronda-me,
Meu peito infla de receio.

Sempre
Que penso nada esperar,
Já estou angustiada te esperando.

Sempre
Que os dias estão cinzentos,
Minha alegria é melancólica.

Sempre
Que as palavras escasseiam,
Sei estou vencida.

Sempre
Que pego do papel,
É para derramar lágrimas,
Tenho medo de não ser ouvida.

sábado, 19 de setembro de 2009

Homenagem (por Sandro Pereira)

Jovens meninos,
Jovens meninas,
Maneira trágica,
Passe de mágica,
Famílias se despedaçam.

A imprudência mata a inocência.
Nossas crianças
Não chegam na adolescência
Autoridades despreocupadas,
Mansões fechadas,
O mundo cão só na televisão.

A esperança de um mundo melhor
Se vai nas lagrimas que derramei.
Foi para isso que me dediquei?
A sete palmos do chão
Ficou todo o meu coração.

Minhas lembranças única esperença de me estabilizar.
Noites em claro,
Custo a dormir.
Já pensei em desistir...
Uma semana ja se passou
E nada adiantou.
Outras pessoas ja esqueceram
O que para mim é um sofrimento eterno.

A esperança de um mundo melhor
Se vai nas lagrimas que derramei
Foi para isso que me dediquei?
A sete palmos do chão
Ficou todo o meu coração.
Anjo queridoEsta protegidoOlhe todos nós.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A arte de envelhecer

A vida é constante fase,
Transição de matérias,
Despojamento de papéis.

São ciclos alternados
De destruição e regeneração.
É passagem de tempo,
Esquecimento.

A magia se esconde
Por trás de cada célula,
Do metabolismo desacelerado
Pela degeneração.

As fibras da história
Esgarçam-se.
O 0ntem se torna
Cada vez mais longinquo.

A invunerabilidade
Escorre pelos ralos do tempo,
A fragilidade se apossa.

Perde-se paulatinamente
A virilidade,vigor
Que outrora era pleno.

Viva o desfazer dos laços
Da perdida juventude.
Abramos os braços
A arte do envelhecer.

VeMem

Inútil busca intinerante
Por uma verdade latente,
Inexistente ao real.

O mundo é repleto de percepções,
Verdades pessoais e divergentes,
Impossiveis na unanimidade.

A verdade é gêmea da mentira,
ambas deusas
Emersas no caldeirão
Fulgorante do idealismo.

Nada existe...
O universo é uma grande trama cósmica
Que impõe a percepção
De um falso real.

Tudo é percepção!
A verdade é inútil,
Mera questão de análise
De um quesito ou momento.

Ciência?
Religião?
Façam suas apostas...

Senhor

Não era esperado,
Muito menos imaginado.
Foi furtivo,
Avassalador demais
Para não ferir.

Vestiu-se do véu de fortaleza,
enfrentando a fraqueza,
A incapacidade.

Repentinamente
O mundo não era mais o mesmo.
Absteve-se da liberdade
Em prol dde outrem.

O coração generoso
Foi ludibriado,
Rejeitado e rebaixado.
Usurpado dos talentos
Pelo interesse alheio.

As lágrimas merecem
Ser suprimidas,
Contidas a qualquer custo.
Elas rolaram uma unica vez....
Compulsivamente.

Foi caráter,
Amigo,
Rei.
Indubitavelmente meu herói.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EU ERA TÃO JOVEM

Eu era tão jovem
Quando fiquei sozinha,
Sem um pingo de amor.

Havia alguns amigos,
E nada mais.
A casa estava completamente vazia.

Eu tinha que seguir,
Andar com meus próprios
E fracos pés.

Eu era tão jovem
Quando todo mundo se foi.
O que restou foi eu e eu mesma.

Havia bem pouca esperança,
A vida não fazia sentido aparente,
Era o frio e o vazio.

Eu teria de ter coragem,
Não poderia despediçar
Esta oportunidade.
Estava viva e isto deveria bastar.

Eu era tão jovem
Para saber das maldades do mundo.
Era tão sozinha e indefesa.

Haveria muito tempo
para encontar alguem,
Mas era vulnerável e tinha muito medo.

Eu fui mais forte do que esperavam.
Era tão jovem para fazer amor assim.
Era sozinha demais para aceitar viver
Com eu e eu mesma.

GOOD BYE

As luzes da cidade
Vão se tornando abstratas,
À medida que fecho meus olhos.

A noite vai se distanciando
A manhã insiste em se levantar.
Já é mais do que na hora de ir.

Serei eu que direi byebye,
Já que o tempo se findou e,
O orgulho é forte demais.

Foi-se o tempo
Em que me dispunha a esperar-te.
Foram todas as esperanças de um fututo
Meu e seu.

À noite sozinha
É bem mais fria,
Do que contigo.

Dia após dia
eu rezo .
Perco meu tempo
Esperando o inútil.

Eu disse que iria,
Mas já não tenho tanta certeza
Se devo realmente ir.

Quanto tempo?
Eternidade?
Não...não mesmo.
Foi tão pouco tempo,
Mas a saudade já basta.

Os dias não são mais iguais,
São mais vazios,
Mais tristes e calados.

As coisas passam tão mecanicamente,
Fazem-me pensar que meu coração é uma maquina.

Foi a primeira vez
Que me entreguei assim.
Nunca tinha jogado
Esse jogo barato de sedução.

Olho seu retrato.
Não dá para voltar atrás.
Todas as luzes estão apagadas e,
Você já não ouve seu coração;

Vou apenas tentar dormir.
Fechar os olhos,
Deixar os sonhos invadirem-me,
Para,talvez,levarem-me a um lugar
Onde não tenha que dizer good bye.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

AO MEU DESCONHECIDO

Sob a companhia do luas,
Iluminada pela noite
Caminho pelas ruas desertas
A procura de uma residênciam,
Uma única residência:a tua.

Interrogo árvores e morcegos,
Postes e praças;
Onde habitas,
O que fazes,
Quem és.

Envolta numa aura de loucura
Vago errante procurando alguém
Que nem ao menos sei quem é.
Apenas um motor impulsiona-me a buscar-te.

Podes ser qualquer um,
Mas sei que és especial.
Um desconhecido familiarmente
Perdido na multidão.

Um jardim;um casebre.
Uma porta de madeira;um quarto.
Uma cama e te encontro
Adormecido no calor de sua miséria.

O pulso palpita,
Voo a teu encontro.
Abraço-te,acarinho-te.
Beijo seus lábios frios.

Estranho a quentura do quarto
Estás frio como o gelo.
Minha mente devaneia:
-Será que apaixonei-me por um vampiro?

Como um fetiche doentio
Prossigo arrastando meus lábios
Por teu queixo,teu peito,teu pescoço.

Pavor!
-Onde está o pulso?
Morto!

Meu desconhecido,
Mesmo sem saber quem és
Amo-te de tal maneira,
Que prefiro transcender e
Unir-me a ti na eternidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

MEU CORAÇÃO

Meu coração está aos pulos,
Faz tempo que não engulo
Teus absurdos.

Meu coração está em brasa,
Não tem mais a casa
Que aconchegue suas paixões.

Meu coração está no escuro,
As luzes se dissiparam,
Como o esvoaçar da fumaça dos canhões.

Meu coração chora
Por uma tristeza que o devora
E se evapora
Com o menor toque dos labios teus.

Meu coração é pura canção
Que escrevo com emoção,
Ao lembrar de teu sorriso.

Meu coração é a chama
Que se inflama
Quando me abraças.

Meu coração é arisco,
Que de rabiscos
Decifra teu amor.

ALTO DE UMA MONTANHA (por Sandro Pereira)

Cansado da rotina,
Parado na esquina
Não aguento as pressões,
São tantas ambições,
Tenho tantos patrões.

Cabeça explodir
Que fugir daqui
Preciso de sossego,
Quero seu aconchego.
Longe da falsidade
Dessa enorme cidade
Busco minha felicidade.

Não quero ser achado,
Pra sempre isolado
No alto de uma montanha.

No alto de uma montanha
Observo a multidão.
No alto de uma montanha
Solidão me acompanha.
No alto de uma montanha
Posso até voar.
No alto de uma montanha
Com a lua conversar.
No alto de uma montanha
Natureza me estranha.

Sem a obrigação
De ter um ganha-pão.
Minha mente vazia
Não é do tal diabo.
Estou achando um barato
No alto de uma montanha.

sábado, 22 de agosto de 2009

Minha terra tem palmeiras

Minha terra tem palmeiras
Onde não canta o sabiá.
O sabiá foi extinto.

Minha terra tem palmeiras
Onde não canta o sabiá.
O sabiá que foi extinto
Teve seu habitat roubado.

Minha terra tem palmeiras
Onde não canta o sabiá.
O sabiá que foi extinto
Perdeu seu habitat
Para construirem shopping
Para gringo gastar.

O sabiá,ave do Brasil
Perdeu seu lugar
Para o capitalismo vil,
Que derrubou,sufocou,matou
Seu lar,seu ar e o próprio sabiá.

NÃO DÁ PARA NAMORAR

Não dá mais para namorar!
Não há como devanear,
A noite sob o luar,
Com teu amor a acompanhar.

Não dá mais para namorar!
É difícil encontar
Quem se possa o coração confiar.
Tudo é um tal de jogar
Palavras,sentimentos,beijos ao ar.

Não dá mais para namorar!
É melhor várias somas formar,
Do que a qualquer um se entregar,
Para numa cama vazia se por a chorar.

CACHOEIRA

O véu d'água cobre
A copa verdejante das árvores,
As marquizes dos arranha-céus.
Cobre também teu belo rosto
A destacar na multidão.

Majestosa água que do céu desce
Para formar rios.
Encantador tintilar de águas ,
Que correm apressadas
Para o desconhecido.

Deixo-me fluir pelos rios
De águas incandescentes,
Dessa paixão indecente,
Sem o medo de ao final
Deparar-me com uma cachoeira.

URUBU

Urubu,urubu!
Venha até mim,urubu!
Poupe-me de tanto sofrimento,
Arranque-me este coração,urubu!
Coração assassinado por amor.

Bendito urubu!
Maravilhoso és tu!
Corrói a podridão da alma,
Satisfazendo-te imensamente!

MEUS VERSOS

Meus versos são como
O canto do vento,
Como o dançar dos girassóis.

Meus versos são cheios de magia,
Da magia da minha tristeza.

Meus versos tem ar de consolo,
De cansaço,
De um coração arrasado!

CHEQUE-MATE

A rainha há muito vagava
Procurando um peão,
Mas eis que encontra um cavalo,
Que como se fosse alado
Materializa-se no tabuleiro de seu coração.

Antes do cavalo entar em sua vida,
A rainha era negra,viva,humana.
Mal poderia imaginar
Que seu futuro fosse o completo avesso
A suas pretenções.
Que seu cavalo fosse um vampiro.

Mas o cavalo é inatingível,
Impossível mesmo para a magnânima rainha,
Que vai em busca de um peão,
Sem muito em especial.

Mas a pobre rainha estava enganada.
O cavalo a quer,
Mas não da maneira que ela imaginava.
Ele quer seu sangue,sua vida.
Sua ira é esplendorosa,
Ninguém pode tocar sua rainha,
E como ousa um peão corrompê-la.
Pobre peão...tão fraco,tão vulnerável e mortal.
Facilmente é escorraçado da vida da rainha.

Eis que o cavalo obtém seu troféu,
Sua vítima,
E a rainha seu maior sonho.
A sede do vampiro se esvai,
Não quer mais o sangue de sua rainha,
Quer seu coração,
Sua alma,
Seu amor.

Antes de tudo é necessário
Que se rompa com a barreira
Que norteia o mortal e o imortal.
Tem que embranquecer sua rainha
Com seu beijo de vampiro,
Para enfim viver por todo o sempre.

PALAVRAS

Um dia
Um poeta do acaso
Manipulou palavras,
Argumentou atos,
Traduziu olhares.

Usou da magia de papel e caneta
Para alimentar os sentimentos
De um sensível coração.

As palavras do poeta
Embebeciam de ilusão
O coração que sofria.
Sofria por carência?
Por saudade?
Ou seria por amor?
Bem podia ser pelos três.

O coração se encantava pelo poeta
Que não sabia de sua existência.
Até que a doce roda do destino girou
Pondo frente -a-frente
Poeta e coração.

O coração palpitou.
O poeta suspirou.
Olharam-se,
Viram um espelho.
Um refletia o outro....
Perceberam que eram unos e,
Que nunca estiveram separados,
Apenas nunca se encontraram

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Estrada

Faz algum tempo
Que eu descobri
A infam estrada ,
Na qual me dispus a caminhar.

Graças a você
Meus pés passaram a pisá-la.
E desde então
Não vejo outro caminho.

Desde sempre,
Meu intuiti não foi mudá-lo.
Apenas tinha a intenção
De fazê-lo crescer,
Fazê-lo perceber
Quão ignóbeis são seus pensamentos.

Mas você era e,
Continua sendo um soldado,
Que nunca evoluirá de patente
Se não evoluir de mente.

Tudo bem,
Eu compreendo a sua auto-afirmação,
Sua prepotência,
Seu egocentrismo,
Mas você mesmo
Não vê sentido em possui-los.

Você tem sempre tudo
Sobre controle.
Sempre possuía um planejamento,
E isso é mal.

Eu queria salvar-te
Do abismo que se apresentaria.
Por vezes eu quis lhe elucidar
As primícias básicas da fé.

Esperava que a minha fé
Na vida,
Nas pessoas,
Em Deus
Fizesse-lhe perceber
Que você não é e nem está sozinho.

Por isso que me pus a seu lado,
Que investi todas as minhas forças
Nessa estrada.
Pena que em vão.

A estrada é longa.
Tão massificante,
Tão deprimente.
Deveras fui tola
Ao pensar que faria
Algum avanço contigo.

Agora você está
Completamente abjeto,
Indiferente a essa estrada,
Enquanto eu estou
Perdidamente naufragada
Numa depressão que não deveria ser minha.

Tempo,tempo,tempo...

O tempo levou
Tão pouco tempo.
A mudança foi tão veloz e amarga,
Tão triste e cruel.

O destino depôs suas armas,
Os soldados desistiram do combate,
O amor arrependeu-se da luta.

O infinito foi um segundo,
Foi o momento mais cabal,
Foi vivido e sentido intensamente,
Mas não da devida forma.

-Será que existe forma devida para o amor?

Não há certo nem errado,
Mas agora,
Quando os corações estão martirizados,
Há o questionamento.
-Aquilo foi o melhor a ter ocorrido?
Foi apenas o que aconteceu.

Não foi da maneira que se desejava.
-Mas o mundo é injusto,meu amor?
O arrependimento insiste em emergir,
Por mais que seja repudiado.
No peito resiste aquela vontade
De tentar tudo de novo.

Mas o tempo se esvaiu
Pelos ralos do destino,
E o amor-próprio foi redescoberto,
É ele que elucida o dispêndio
De um amor em vão.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Indignação

Onde estão as pessoas?
Onde está a fé?
Onde está a voz?
Aquela voz que a pouco
Ressoava pelos quatro cantos
A exigir, a lutar.

Onde está a garra?
Onde está a coragem?
Onde está a juventude?
A juventude ,que não faz muito,
Lutava por seus ideais,
Mergulhava fundo na política
Exigindo o respeito por seus direitos,
Exigindo liberdade.

De que adianta
Vivermos hoje numa sociedade livre,
Fruto do protesto,da luta,
Do aniquilamento
De muitos no passado,
Se a consciência política do jovens
Esvai-se a cada dia.

A liberdade que muitos lutaram
E não conseguiram desfrutar,
Hoje é usada por aqueles
Que reprimiram,que mataram e matam.

E o capitalismo lança seus tentáculos
Sobre essa geração alienada,
Descrente da política,das pessoas, do mundo.
Satisfaz-se em consumir,
Em pensar apenas em si
Sem se preocupar em buscar
Um lugar melhor para seus filhos e netos.

Da janela

Da janela eu vejo o dia,
Vejo o meu amor passar gingando,
Mexendo,
Me chamando.

Mas eu não posso ir
Com o meu amor,
Pois ainda é cedo e,
Da janela eu tenho que ver o dia.

Na janela fiquei
E meu amor se foi.
Não sei se vai voltar,
Não sei se vai me amar.

Da janela eu vejo homens,
Mas não é o meu amor.
Meu amor partiu
E me desolou.

E agorana janela que estou
Bate um vento forte,
Que vai levando para o sempre
Os cacos do nosso findo amor.

7 Pecados

A leve brisa paralisante
Toca os cabelos do compositor,
Que da sua imóvel rede
Obtém do ócio a gota refinada
Da poesia da preguiça.

Batons e brincos,
Pulseira é rímeis
Pela cama espalhados
Num mar de futilidade,
Nadam entre as ondas da vaidade.

O que tem não quer,
Quer o que não tem.
Quer os bens,os amores
A vida de quem se julga melhor.
Nada consegue por si,
Que o dos outros,
Parasitária inveja.

Tanto tem
Nada dá.
Tudo para si,
Sem a mínima intenção de compartilhar.
Vai morrer sufocado em si mesmo,
Coração avarento.

Aos olhos enche,
À boca tranborda água.
Não se sacia com um pouco,
Quer sempre o excesso.
Vai morrer pela boca
Da venenosa gula.

Vira mesa,
Vira o jogo,
Joga-se tudo pelo ar.
De que adianta ser manso,
Se nas veias o que pulsa
É um sangue corroído pela ira.

Doce fel do prazer,
Infesta os corações e corpos
Dos pobres mortais,
Que se consomem
Nas fantasias quentes da luxúria.

Índio

Das selvagem matas
O guerreiro índio,
Nu em pelo,
Avança pelos sertões
Explorando terras,
Deflorando virgens,
Tirando sangue.

O jovem guerreiro
Desde a terna idade
Foi ensinado a ser forte,
Astuto,cruel.
Ensinado a não ter pena,
Pois seus inimigos
Não serão misericordiosos.

Mas está fatigado.
Essa vida de guerreiro
Não lhe dá mais prazer.
Matar,sangrar
Não faz mais sentido.

Ele quer uma mulher
A quem posso beijar,
Amar,possuir.
Uma mulher sua e somente sua,
Não mais a mulher alheia.
Não uma índia,
Essas sabem quem ele é.
Ele quer um branca,
Ou talvez uma nêga.
Que lhe dê carinho,amor
E um pouquinho de tesão.

Então o guerriro foge da aldeia,
Vai para a cidade,
Vira homem sério,
Do tipo homem branco,
Sem deixar de ser índio.
E arruma um preta que lhe faz cafuné,
E que nas noites de lua cheia
Faz festa na sua cama.

O passageiro

Adorável passageiro,
Transeunte de minha mente,
Viajante do destino,
Andarilho dos meus sonhos.

Percorre os corredores de minh'alma
Deixando em cada estação
Seu doce perfume,seu encanto,
Seu coração.

Estacionou em minha vida
Após inúmeras viajens frustadas,
No momento em que eu ansiava por um porto seguro.

Passeou por mim como quem passeia
Por um jardim florido,
Por uma prai num dia de sol.

Desfilou pro meus problemas,
Sendo a maioria das vezes
A causa e a própria solução.

Foi terminal de chegada
Da minha felicidade,
E o de partida
Da minha saudade.

E hoje me deparo nesta plataforma,
Onde vejo você embarcar
Numa viajem sem volta pra minha vida...

Anjo

Meu anjo adormecido
Tua face replandescente
Passeia pelas minhas ilusões,
Enchendo de magia os meus sonhos.

Fizeste história em meu passado.
Só Deus sabe o que há de ser em meu futuro.
Mas,hoje,sei que és minha dádiva,
Meu presente.

Andaste por todos os dias ao meu lado,
Carregando-me pela mão.
Como um verdadeiro anjo a guiar meus passos
És meu protetor.

Não és glorioso,nem majestoso,
Muito menos divino.
És de carne,és de osso.
És de alma,és de sangue.
Humano.

Se não és divino,
Então profano és.
Anjo do meu carnaval
Abre as alas do meu coração.

Não habitas a morada celestial,
Encontra um porto seguro em meus braços,
Onde placidamente descança
Livre de qualquer ameaça,
Por saber que comigo estás.

Noite de luar

Caminho sob a luz da Lua
Indecisa por onde seguir,
Perdida em meus descaminhos,
Tento te encontrar.

És tão vil e cruel
Arrebata-me,destrói-me,
Meu sangue pulsa por ti
E tu o bebe e se delicia.

Me entrego a tal êxtase
Como Santa Tereza ao
Anjo incandescente.

Seu hálito quente e doce
Sussurra em meus ouvidos
Palavras flamejantes
Que como chamas,
Consomem -me por dentro.

Sinto minh'alma deixar o corpo
E ir de encontro à tua.
Meu sangue se esvai em minhas veias,
E tu sorri-me com tal prazer
Vendo minha agonia.

Não sei porquê me deixei levar,
Mas não consigo me arrepender,
Pois tu,vampiro insano,
Proporcionou-me imenso prazer

E no vazio são as máquinas

Às vezes tudo parece tão inútil,
Dispendioso e banal.
Constantes lutas são travadas
Por nada,culminando no mesmo nada.

E neste jogo
Perdem-se dinheiro,vidas,
Amigos e amores.
Transformaram-se em coisas frívolas,
Desprovidas do calor do sentido.

Enontra-se aquele vazio opressor
Em todas as partes.
Aquele aperto no peito,
Desesperado por um alento,
Impulsionando novamente ao nada.

Veem-se homens,mulheres...
Veem-se crianças brincando despreocupadas.
Todos sofrem em seus sonhos calados,
São angústias sufocadas pelo
Desprazer da aparente felicidade.

Vive-se perdido em livro infinitos,
Aprisionados em infindáveis páginas
Da Tragiomédia do Criador
Pervertida pela compulsão doentia do homem.

A indecisão é constante,
Até naqueles que julgam-se decididos.
É um movimento orgânico
Da condição humana.

O coração é um grande imbecil,
Irracional,sentimentalóide barato!
Persiste nas coisas mais absurdas,
Mais crucificantes e desnecessárias.

É com tamanho pesar,
Que deve-se afastar
Das coisas que se ama,
Que,de alguma maneira,merecem
Ser protegidas ,
Para que a clareza de pensamento
Retorne a fluir.

Homens não são máquinas.
Organismos não são engrenagens.
Pode existir um tremendo vazio,
Mas a vida não é frígida o bastante
Para ser mecanicista.

Minha fortaleza de argila

Homens devem ter o físico forte,
Mulheres devem ter o espírito forte,
O ser humano deve ser forte
Para enfrentar as intempéries da existencia.

Desde a terna idade
Disseram-me:
-Pare de chorar,assim você não resolve nada.
Definitivamente não.
Mas é carente em mim, a força.
As lágrimas sempre são mais fortes,
Sempre vencem a guerra contra os olhos.

Quando não tinha a evolução de hoje,
Poderia até dizer que era forte;
Mas,às vezes,parece que conforme se cresce,
Mais vulnerável e fraco se fica.

Nm sempre a vida vai lhe sorrir com a sorte.
-e o que resta?
Ser forte...ser sempre forte.

Uma fortaleza é sempre fria,
Por mais que em seu entorno
Existam tochas de fogo.
Elas são construídas de pederas fortes,
Que resistem a investida do tempo,
Do vento,das águas.

As minhas pedras são de argila,
Delicadas e frágeis.
Ao menor toque despencam;
A menor investida da chuva desfazem -se.

Ao fim de cada tribulação
Tenho sempre o mesmo fim,
O mar...salgado mar...
Que frequentemente costumo me afogar....

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Frio Inverno

Ventos secos do inverno,

Chuvas frias,

Gotas molhando a janela do quarto.

O som do rádio é alto,

Ela emite a voz esganiçada

Do cantor em “November Rain” e,

Ela alheia tudo

Com o “o Nome da Rosa” nas mãos.

Faz horas que ouve repetidamente

November Rain”,

Já chorou tanto

Que não lhe restam mais lágrimas.

Desistiu de ler,

Quer apenas que essa dor cesse,

Mas não,ela não se vai.

Fica atordoando-a.

Vai levá-la a loucura.

Muitas vezes já gritou:

-a dor é excitante!

Compulsão maníaco-masoquista...

Agora nada é tão mais prazeroso.

A dor é venerável desde que

Não haja lágrimas.

Ela deseja partir,

Não possui forças.

Deseja gritar

Não possui voz.

Muda a música no rádio,

Agora é “A Tout Le Monde”.

Sempre repudiou Metal,

Agora,no desespero,é bem acolhedor.

A voz que canta o suicídio

Ecoa em sua mente.

É agradável.

As lágrimas voltaram...

Pega caneta e papel,escreve:

-“A todo mundo,

A todos os meus amigos,

Eu vos amo,

Mas tenho que partir.”

No rádio a música mudou

Para “Last Kiss”.

Ele se foi...

Não como na canção,

Mas tiveram um último beijo,

Uma última noite.

Deveras,jamais o teria novamente.

Vozes sussurram em seus ouvidos:

-vá,vá...a luz te espera!

Tem tanto medo.

Deseja findar o sofrimento,

Mas não quer ir,

Não quer que os que ama chorem.

A casa está vazia;

Vai até o banheiro;

Liga a torneira e

Enche de água a banheira.

A campainha toca,

Vai até a porta,

É ele.

Ele sabe o que está passando,

Tem medo de perdê-la,

Tenta inutilmente detê-la.

O pequeno canivete,

Com “Clarisse” no rádio,

Faz incisões naquele corpo

Que um dia foi seu.

Ele se foi ,de fato,para longe.

Não há mãe,

Não há irmãos,

O pai superará.

Nada mais a impede.

Pega um poema

De Alvarez de Azevedo.

Suas palavras de adolescente

São semelhantes a do poeta.

-os poetas morrem jovens!

Volta ao quarto.

A voz de Eric Clapton

Sai do rádio em “Tears in Heaven”.

A mãe…no céu

Ele...seu céu de “sky” e o céu de “heaven”.

A água da banheira é fria,

Mais fria que a água da chuva.

O metal nos pulsos.

O sangue esquenta a água.

Submerge na água com sangue,

Vê o tempo passar,

O mundo girar,

O ar deixar seus pulmões.

Os fantasmas do torpor vem chamá-la,

Tudo é alucinação,

Os anjos a carregam pelas mãos e,

O véu da morte lhe abraça.

Traga-me...

Traga-me de volta
A alegria de viver
Que desde então se esvaiu
Pelos ralos do falso desejo.

Traga-me de volta
O brillo no olha,
Ao deparae-me com as pequenas coisas,
Coisas singelas e sutis.

Traga-me de volta
A tranquilidade que se foi
Juntamente ao bater
Da porta do meu coração.

Traga-me de volta
A inocência que perdi
Ao deixar-me levar
Por suas controversas pretenções,
Que eram quase como alucinação.

Traga-me de volta
A docilidade com que me relacionava
Com os queridos.

Traga-me de volta
A paz de espírito,
Que foi levada
Por suas perturbações.

Traga-me de volta
Meu verdadeiro eu,
Que foi mutado e mutilado
Por sua obsessão.

Leve...

Já é tarde...
A chuva já se foi...
Você pode ir também.
Pode levar todas as suas lembranças,
Seus resquícios de algum dia.

Leve embora daqui
A compulsiva tristeza
Que se abateu sobre mim,
Quando me envolveu
Com seu desejo negativista e pervertido.

Leve embora daqui
A descrença,o pessimismo
Que promoveu
O encobrimento dos sonhos do meu amanhã.

Leve embora daqui
A opacidade promovida
Pelas minhas lágrimas,
Água salgada gasta em vão,
Por motivos nem um pouco banais.
Leve embora daqui
A arrogância
De tua personalidade,
Que quase como herança
[ou carma;
Foi prendendo meu espírito livre.

Leve embora daqui
A perversão que a cada dia
Corrompe-me mais e mais,
Assasinando a minha plenitude sexual.

Leve embora daqui
Esse gelo que vai congelando aos poucos
O meu coração que outrora
Foi pura brasa.

Leve embora daqui
Os seus fantasmas
Que passam o dia a me vigiar,
Que a cada dia insistem
Em me perturbar.

Leve embora daqui
Essa pessoa fria,
Malévola e vingativa,
Depressiva,
Perturbada e maníaco-sexual
Que se apossou de mim.

Homem na Lua

O homem,
Cansado de sua vida na Terra,
Engalfinha-se num foguete
Para a Lua.

Tantas noites passou
A admirar a distante
E remota Lua,
Aspirando um dia
Pisar em seu solo.
Ser seu rei e senhor.

Numa disputa internacional,
Em que o primeiro que chegar à Lua
É o vencedor,
Vorazmente constroem-se
Foguetes e ônibus espaciais.

Sob o signo da "Águia"
O homem despede-se da Terra,
Sem a menor saudade,
E ruma à Lua.

Desce da nave.
Pisa na Lua.
Sente a falta da gravidade.
Voa.
É livre.

Anda na Lua.
Cheira seu solo.
Contempla a placidez do inóspito.
Da liberdade vem o vazio.

Na Lua tudo é vazio!
Então o homem sente-se só,
Sente falta dos amigos na Terra,
Da movimentação desta.

Finca a bandeira de sua pátria,
Já não tão amada e,
Olha ao redor
A escuridão,
O vácuo celeste,
A imensidão.

Vê ao longe
[mas não tão longe;
Uma das várias esferas
Que povoam o infinito.
Ele pasma-se de tanto encantamento,
E num urro:
"A TERRA É AZUL!"

Foi mero passo de homem
Que possibilitou "o" imenso passo
Da humanidade.

Mas o homem,
[apesar de encantado com a Lua;
Quer enlouquecidamente
Voltar a Terra,
Para caminhar sob
A ação da gravidade.

Abscuridão

Flor desnuda
Que pende das epífitas
E cai na relva
Dos sonhos desencantados,
Despertando do sono eterno
Os amantes indecentes de outubro.

Febrilmente os amantes
Entregaram-se a um fogo
Sem propulsão cabal,
Trucidando o pudor de outrem.

Na relva banhada
Pelo frio orvalho de julho,
Germinou a pimenta do desejo.
Então,em outubro,
A pimenteira já era imensa.
De tão vermelha
Equivalia a uma fogueira.

A rubra pimenteira
Escorreu até um leito de tesão,
Ardendo como o fogo do
Juízo Final.

Consumiram-se como drogas,
Avistando o abismo da perfeição.
Cega virilidade
Que desponta abaixo da
Linha do Equador,
Induzindo a derrocada de inocência.

Cândida inocência
Partiu sem deixar lembrança,
Numa dicotomia infindável
Que leva a perversão.