A leve brisa paralisante
Toca os cabelos do compositor,
Que da sua imóvel rede
Obtém do ócio a gota refinada
Da poesia da preguiça.
Batons e brincos,
Pulseira é rímeis
Pela cama espalhados
Num mar de futilidade,
Nadam entre as ondas da vaidade.
O que tem não quer,
Quer o que não tem.
Quer os bens,os amores
A vida de quem se julga melhor.
Nada consegue por si,
Que o dos outros,
Parasitária inveja.
Tanto tem
Nada dá.
Tudo para si,
Sem a mínima intenção de compartilhar.
Vai morrer sufocado em si mesmo,
Coração avarento.
Aos olhos enche,
À boca tranborda água.
Não se sacia com um pouco,
Quer sempre o excesso.
Vai morrer pela boca
Da venenosa gula.
Vira mesa,
Vira o jogo,
Joga-se tudo pelo ar.
De que adianta ser manso,
Se nas veias o que pulsa
É um sangue corroído pela ira.
Doce fel do prazer,
Infesta os corações e corpos
Dos pobres mortais,
Que se consomem
Nas fantasias quentes da luxúria.
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