Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Índio

Das selvagem matas
O guerreiro índio,
Nu em pelo,
Avança pelos sertões
Explorando terras,
Deflorando virgens,
Tirando sangue.

O jovem guerreiro
Desde a terna idade
Foi ensinado a ser forte,
Astuto,cruel.
Ensinado a não ter pena,
Pois seus inimigos
Não serão misericordiosos.

Mas está fatigado.
Essa vida de guerreiro
Não lhe dá mais prazer.
Matar,sangrar
Não faz mais sentido.

Ele quer uma mulher
A quem posso beijar,
Amar,possuir.
Uma mulher sua e somente sua,
Não mais a mulher alheia.
Não uma índia,
Essas sabem quem ele é.
Ele quer um branca,
Ou talvez uma nêga.
Que lhe dê carinho,amor
E um pouquinho de tesão.

Então o guerriro foge da aldeia,
Vai para a cidade,
Vira homem sério,
Do tipo homem branco,
Sem deixar de ser índio.
E arruma um preta que lhe faz cafuné,
E que nas noites de lua cheia
Faz festa na sua cama.

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