Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

E no vazio são as máquinas

Às vezes tudo parece tão inútil,
Dispendioso e banal.
Constantes lutas são travadas
Por nada,culminando no mesmo nada.

E neste jogo
Perdem-se dinheiro,vidas,
Amigos e amores.
Transformaram-se em coisas frívolas,
Desprovidas do calor do sentido.

Enontra-se aquele vazio opressor
Em todas as partes.
Aquele aperto no peito,
Desesperado por um alento,
Impulsionando novamente ao nada.

Veem-se homens,mulheres...
Veem-se crianças brincando despreocupadas.
Todos sofrem em seus sonhos calados,
São angústias sufocadas pelo
Desprazer da aparente felicidade.

Vive-se perdido em livro infinitos,
Aprisionados em infindáveis páginas
Da Tragiomédia do Criador
Pervertida pela compulsão doentia do homem.

A indecisão é constante,
Até naqueles que julgam-se decididos.
É um movimento orgânico
Da condição humana.

O coração é um grande imbecil,
Irracional,sentimentalóide barato!
Persiste nas coisas mais absurdas,
Mais crucificantes e desnecessárias.

É com tamanho pesar,
Que deve-se afastar
Das coisas que se ama,
Que,de alguma maneira,merecem
Ser protegidas ,
Para que a clareza de pensamento
Retorne a fluir.

Homens não são máquinas.
Organismos não são engrenagens.
Pode existir um tremendo vazio,
Mas a vida não é frígida o bastante
Para ser mecanicista.

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