Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sábado, 10 de outubro de 2009

MULHER,MULHER,MULHER

Doces moças,
Levianas e cândidas,
Inocentes donzelas que povoam os sonhos.

Damas senhoris,
Meretrizes acrobáticas,
Enigmáticas princesas do imaginário masculino.

Mulheres do Oriente,
Submissas, oprimidas.
Almas livres,
Caladas por trás do véu.

Gladiadoras da globalização,
Fênix independente,
Como lareiras crepitantes de insaciável combustível.

Ninfetas ingênuas,
Deusas de uma sabedoria oculta,
Que ensandecem os petizes iniciantes
E os amantes à moda antiga.

Ninfas encantadas
Com suas poções e olhos mágicos,
Toques vibrantes malabarizam o contente membro.

Fortalezas reprimidas,
Desejos recolhidos,
Inflexíveis ao romper a barreira de epiderme.

Volúpias volúveis,
Efêmeras sem razão,
Paixão... Fulgor.

Criatura divina
Moldada a barro e a fogo,
Forjada no âmago do amor.
MULHER,MULHER,MULHER.

REFLEXÕES SOBRE ELE -PARTE 1

Ele parece não me ouvir,
Quando partilho
As mais singelas trivialidades.

Ele parece não me ouvir,
Quando as alucinações
Sucumbem a racionalidade.

Ele parece não me ouvir,
Quando mergulho em agonia,
Dividida entre anseios e receios.

Ele parece não me ouvir,
Quando minha boca
Transborda paixões funestas.

Ele parece não me ouvir,
Quando as ilusões são fortalezas intransponíveis ,
Complexas,conturbadas e maravilhosamente desejadas.

Ele parece não me ouvir,
Quando ignoro suas palavras,
Trilhando um caminho em oposição
A seguridade de seus braços.