Passada a euforia
Dos primeiros encontros;
O encantamento dos primeiros beijos;
O tesão das primeiras transas,
O que resta?
Era amor de fato,
Ou apenas uma paixão forte e funesta,
Que arrebatou dois corpos,
Sem entrelaçarem suas almas?
A paixão é dual,
Filha legitima do mestre Universo.
Atom do Romantismo,
Chama nas camas de motel.
É bela,leve e pura
Nos ingênuos romances juvenis,
Sem nunca deixar de ser pútrida,
Voluptuosa e maliciosa.
Sua poesia é existente apenas
Na própria poesia.
É humana e sensível em demasia
Para ser cantada como ideal.
A paixão arde,
Queima e dói;
Doem as entranhas e o coração.
É como o álcool na ferida,
Dolorosamente prazeroso.
É teleguiada por hormônios,
Impulsos nervosos;
É longa e rápida,
Para se transformar em angustia,
Em mais dor...
Desapaixonar é mais belo,
É de tal sossego e plenitude,
Que a felicidade de estar vazio
É a mais doce das bebidas.
Venerável é o desapaixonar,
Quando acompanhado da
Construção de um amor incondicional.