Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

domingo, 29 de novembro de 2009

AMOR?ETERNO?

O amor é eterno,
Em sua efemeridade.
Passa como a brisa vespertina,
E fere deixando a mais profunda das cicatrizes.

O amor é diáfano;
Longe do alcance do palpável;
Pertencente ao reino do imaterial.

-Seria então o amor uma farsa,
Quizá uma doce ilusão?

Os velhos,
Os sábios ao longo dos tempos
Alertam em seu tom praguejante:
-O amor é dor!
Vais sofrer por toda eternidade por causa de seu amor!

A dor passa,
O amor permanece,
Cresce e fica...
Fica transfigurado pelas forças do destino,
Da rotina.

Tolice!
A mais completa das tolices humanas!

A dor permanece.
Por ser humana,carnal;
Real e material.
Quando não permanece em essência
É sua lembrança que açoita a todo instante.

A dor não se submete as vicissitudes do tempo;
Não se abala mediante a sorrisos,
Ou lagrimas.
Não é Deus,
Mas dispõe-se de sua onisciência e onipotência.

O amor é como o vento;
Como a fumaça de um cachimbo...
Esmorece e desaparece
Ao menor sinal
Do tremor precursor da dor.

Ainda assim
Muitos acreditarão na eternidade no amor;
Julgarão estes versos como hereges,
Insanos e amargurados;
Novamente serão tolos!

O que sentirão arder no peito
Por toda vida
Não é o amor,
É apenas a dor que restou de seus destroços,
[não necessariamente desagradável.

-O amor é efêmero...a dor é eterna.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Marolagem

Que mundo é este,
Que deixaste fugindo,
De maravilhas que insistes em recordar,
Num mundo arrogante e besta como a Terra?

Por que fugiste,
Se lá é tudo tão belo,
Tão perfeito e surreal?
A perfeição é inútil
Mediante a solidão,
Fazendo-te refugiado.

Como o Pequeno Príncipe,
Voaste numa estrela,
Despencando na insanidade
Do mangue de traçantes.

Onde está a tua rosa?
Provavelmente não dentro de uma redoma.
Por mais que a preze ,
Nenhum bem merece superproteção,
Pois pode se findar
Sufocado em cuidados.

Teu suspiro é leve brisa,
Que balança meus cabelos.
Tua voz é ausente,
Serena e meiga,
Repleta da mais terna tranqüilidade.

Surrealmente com palavras
Desprovida de sentido,
Constróis as reflexões
Mais cruciais à vida
Daqueles que não são príncipes.

Abstrações,alucinações;
Universos paralelos;
Pontos convergentes de perpendicularidades?
Absurdo para a maioria dos ortodoxos,
Realidade para um pequeno sonhador.

Sementes da mente,
Muito mais que fruto de alucinógenos.
Transcendência dos paradoxos
Dominantes numa sociedade sem sonhos.

Incompreensivelmente encantador,
Pequeno [alternativo] príncipe,
Que aleatoriamente teleportaste
Para o sossego de meu regaço.
Apenas proteja-me dos ETs,
Com a companhia dos duendes,
Já que as fadas não existem,
[seu louco.

Proibiram-me

Proibiram-me de sair;
Proibiram-me de pensar.
Proibiram-me de tentar;
Proibiram-me de amar.

Proibiram-me de sonhar;
Proibiram-me de voar.
Proibiram-me de sentir;
Proibiram-me de entregar.

-Que tirano proibiu-me de tanto?

Proibiram-me de construir as
Mais absurdas ilusões,
Com o mais absurdo dos personagens.
Puseram-me trancas,
Contrataram guardiões para
Resguardar algo que merece ser perdido.

Sei que flechadas martirizam;
Crucificam o coração lastimado,
Mas isto já é fiel companheiro.
Que mal tem mergulhar novamente no abismo?

-A dor é estimulante ao coração.

Deixem-me livre!
Deixem me perder pelas estradas na garupa de uma moto ou,
No balanço de uma rede!
Deixem-me deparar com os espinhos e as pedras do caminho!
Deixem que elas me machuquem!

-As rosas cultivadas em redomas são viçosas e superficiais,
Mas não possuem a beleza e o encantamento das
Marcadas pelos espinhos da vida.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MEU ANJO

Meu negro anjo,
Por que desceste tão baixo?
Mergulhaste em um abismo,
Que não fazes idéia de quão profundo é.

Terás que conviver com os monstros,
Que diariamente me ponho a gladiar.
És tão sensível,
Tão diáfano,
Que temo que vás esmaecer e desaparecer
Com os tornados terrenos.

Meu anjo dos olhos cândidos,
Que se configuram tristes,
Numa tristeza orgânica e
Inexplicavelmente inspiradora.

Em teu mergulho
Tuas asas foram despedaçadas e,
Ponho-me,então,a recolher os destroços,
Recompondo-as com a mais terna paciência.

A vigília lancina-te,
Corrói cada centímetro de tua esperança e,
Peço-te,apenas,que aninhe-se em meu peito,
Entregando-te a meu aconchego e proteção.

És guerreiro,guardião,
Mas deixe que eu te guarde,
Acalente-te no seio de meu amor.