Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Homem na Lua

O homem,
Cansado de sua vida na Terra,
Engalfinha-se num foguete
Para a Lua.

Tantas noites passou
A admirar a distante
E remota Lua,
Aspirando um dia
Pisar em seu solo.
Ser seu rei e senhor.

Numa disputa internacional,
Em que o primeiro que chegar à Lua
É o vencedor,
Vorazmente constroem-se
Foguetes e ônibus espaciais.

Sob o signo da "Águia"
O homem despede-se da Terra,
Sem a menor saudade,
E ruma à Lua.

Desce da nave.
Pisa na Lua.
Sente a falta da gravidade.
Voa.
É livre.

Anda na Lua.
Cheira seu solo.
Contempla a placidez do inóspito.
Da liberdade vem o vazio.

Na Lua tudo é vazio!
Então o homem sente-se só,
Sente falta dos amigos na Terra,
Da movimentação desta.

Finca a bandeira de sua pátria,
Já não tão amada e,
Olha ao redor
A escuridão,
O vácuo celeste,
A imensidão.

Vê ao longe
[mas não tão longe;
Uma das várias esferas
Que povoam o infinito.
Ele pasma-se de tanto encantamento,
E num urro:
"A TERRA É AZUL!"

Foi mero passo de homem
Que possibilitou "o" imenso passo
Da humanidade.

Mas o homem,
[apesar de encantado com a Lua;
Quer enlouquecidamente
Voltar a Terra,
Para caminhar sob
A ação da gravidade.

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