Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

sábado, 26 de setembro de 2009

PARA I.COM TODA GRATIDÃO POSSIVEL

Um dia há muitas primaveras,
Antes das flores penderem de seus galhos e,
Os passarinhos voarem de seus ninhos
Fez-se o silêncio.

Antes de tudo isso,
Uma rosada senhora
Concedeu-me a melhor aula da minha vida:
As inconstâncias do individuo e
Sua vivencia plena.

A efemeridade da existência
Relega ao esquecimento
Sutis manifestações do real objetivo da vida:
O abraço entre amigos,
O dialogo entre pais e filhos,
O nascimento de uma rosa.

O homem do século XXI,
Emerso em sua obsessiva intelectualização,
É atarefado em demasia para
Entender a dádiva que é sua vida.

Perde tanto tempo
Buscando compulsivamente enriquecer e,
Quando seu mundo desaba
Digna-se a compreender que
Menosprezou as singelas demonstrações que
A vida lhe concedeu [e concede] diariamente,
Dando sentido a tudo.

Esta mesma senhora ensinou-me
A saber quando falar e
Quando calar.
Por mais que a fúria
Embebe seu ser em cólera.

O ódio pode ser forte motor,
Mas é impreciso, ineficiente e falho demais,
Para ser o mais próximo de
Um sentimento tão soberano e preciso,
Como o amor.

Para matar o amor
A arma mais forte é o desprezo,
Que congela tudo que é pulsante.

Então veio o silêncio,
Cedo demais para que fosse possível
A assimilação de tudo que
Aquela velha senhora me ensinou.

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