Por Clarice Lispector

Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Das idéias mais insanas
Dos pensamentos mais complexos
Dos sentimentos mais fortes.
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz.
E os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar
de um penhasco que eu vou dizer:
E daí?
Eu adoro voar!"

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

NEM SOMBRA,NEM SOL,NEM EU,NEM NADA

Não sei quem sou,
Nem ao menos de que sou feita.
Apenas sei que meu coração é mais um
A bater no mundo.

Posso falar que sou 100% emoção,
Mas como saber?
É estonteante alegria,
É voluptuosa paixão,
Lacrimosa tristeza.

Tenho mil e um sorrisos
Prontos a quem requisitar,
Ou simplesmente se aproximar.
Também tenho mil e uma lagrimas,
Derramadas no silencio,
Na mais profunda solidão.

Sinto o brilho,
As pessoas vêem esse brilho.
[Alguém pode me explicar sua origem?
Deve ser esse brilho que torna tudo diferente:
A visão de mundo,
O sentir,
O amar.

Vejo as metamorfoses,
As viradas do caleidoscópio,
Vejo-me numa dualidade sem fim.
Do gozo extremo de felicidade,
Ao mais fundo dos abismos da depressão;
Da manhã de sol tímido e nascente,
A tempestade de raios trucidantes;
Da ingênua brisa
Ao perverso furação.

São muitas as metades,
Subunidades distintas e divergentes
De um todo fragmentado.
Em uma metade há o silencio,
Na outra os gritos.

É então que eu grito...
Grito para mim mesma;
Grito sem ninguém ouvir,
Grito sem palavra alguma.

É então que me ponho a escrever,
São tantas as inquietações,
Tantos gritos não ouvidos,
Que a minha única esperança
É o consolo de versos em um papel.

Até que um anjo cabeludo,
Um duende narigudo,
Ou um ET cabeçudo
Apareça e me responda,
Continuarei sendo um mistério a mim mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário