Ela e ele se aproximavam,
Iam construindo uma amizade
Acima de quaisquer suspeitas.
Uma amizade sólida e incondicional.
Era de um envolvimento tão grande,
Tão puro...tão inocente,
(isso é romantismo barato)
Para ser sincero, era bem verdadeiro.
Foi então que se começou a especular:
-Fulana, você está com sicrano?
As voltas para casa despertavam
A maledicência alheia,
Sempre introspectivos e mergulhados em suas conversas
Eram indiferentes aos demais.
Era setembro...
O céu estava nublado,
E eles sozinhos.
Falavam sobre trivialidades,
Enquanto, na verdade,
Sentiam um o calor do outro.
Decorreu-se o inesperado para eles,
Completa surpresa,
Mas o óbvio pra todos.
Era estranho,
Era intenso e enlouquecedor,
Até se tornar comprometedor.
Eles se deixaram comprometer,
Apesar de não haver um comprometimento total.
O comprometimento gerou desentendimento,
Gerou lagrimas e mais lagrimas
De um dos dois corações.
Eles se afastaram e nada mais falaram.
Ela teve ódio dele,
Recusou-se a falar-lhe,
Apesar disto ser como uma faca no peito.
Passado um bom período de tempo,
(e desconhecida a motivação)
Ele buscou fazer-se entender perante a ela,
Pediu perdão por qualquer coisa que poderia ter feito
(apesar do perdão ser difícil,e não encontrar o erro).
Reaproximaram-se, mas nunca foi igual,
Por vezes apenas uma palavra de bom dia
Era trocada durante todo o dia.
Ela o queria de volta,
Mas não era bem isso
O que ele desejava.
Ela, então, se tornou obsessiva.
Ele fraquejou
Concedendo-lhe um dos seus desejos,
O que gerou infinitas ilusões e esperanças no coração dela,
Para no dia seguinte ele matar a todas,
Com uma peculiar doçura
E um peculiar cuidado.
Era evidente que ali estava
Uma demonstração do amor dele,
Que ela nunca conseguiu observar.
(até então)
Ela se pôs a chorar infinitamente,
Despencou em uma depressão inconcebível,
Que ia matando-a paulatinamente,
Tirando-lhe as forças e a composição.
Repentina e aleatoriamente
Outra circunstancia comprometedora aparece,
Eles mergulham mais fundo,
Sem, no entanto, chegar ao substrato.
E vão repetindo esse comprometimento
Que era saciável sem ser satisfatório a ambos.
Ele então retoma o domínio de sua sanidade
E finaliza tudo.
Ruma seu caminho para outra vereda,
E seus caminhos se tornam cada vez mais paralelos.
Ela sofre mais que nunca.
-Convenhamos, ela já estava dramatizando demais,
Já estava fazendo uma tempestade em copo d’agua,
Colocando-se, involuntariamente, na figura de vitima.
Quanto mais sofria,
Mais obcecada e neurótica se tornava,
Afastando cada vez mais ele de seu lado.
E pela terceira vez os dois iam se comprometer.
Mas agora ela já estava mais forte,
Mais firme e segura de si,
(mas continuava neurótica e obcecada).
Ela foi ridícula,
Deu um show,
Pagou um temendo mico.
Ele já estava cansado
De todos os showzinhos dela,
De todos os seus dramas.
Então explodiu!
Falou tudo o que lhe irritava
E lhe causava desprezo,
(apesar de não estar satisfeito em desprezá-la)
Falou tudo o que ela precisava ouvir para acordar.
Ela ouviu tudo.
Tentou em vão replicar,
Mas seus argumentos eram inúteis,
Ela sabia que ele estava certo,
Mas não suportava dar o braço a torcer.
(ele também não)
O que ouviu
Doeu-lhe o coração como nunca,
Mas ela não derramou uma lagrima sequer.
Pelo contrario,
Ela passou a observar tudo de uma forma melhor,
Compreendeu todos os erros que havia cometido,
Que seus desejos de bondade
Refletiam nele como sendo egoístas e maus.
Ela, então, descobriu que o amava!
E o mais surpreendente para ela
Foi descobrir que ele também a amava,
Mas de uma maneira bastante diferente da dela.
Ela percebeu que
Para amar não é necessário possuir.
Poderia muito bem amá-lo como amigo,
Como outrora acontecia.
Por fim percebeu-se
Que com a amizade compreende-se
As coisas incompreensíveis ao amor.
Lindo!
ResponderExcluirA última estrofe é absoluta. E é algo que só se compreende vivendo certas situações.
Putz, arrasou, Ana! =D
brigada vaca,vc é mto gentil
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