Não era mais
Como outrora foi;
Modificaram-se os padrões,
Depuseram os paradoxos.
Nada mais era o mesmo;
Tudo estava esparso e diverso.
Não era mais o habitual,
Repentinamente tudo era novo.
Não era mais
A eterna candidez
Típica da meninice;
Era algo mais voraz.
Não havia a inútil
Necessidade do calor,
Do aconchego do corpo
De algum afeto.
Era, portanto, a solidão
Na sua expressão mais límpida,
E livre dos eufemismos poéticos.
Havia a companhia do nada,
As vozes do silencio.
Não possuía as lágrimas,
[Que um dia foram companheiras,
Nem para nascer em seu âmago
A costumeira revolta.
Era mais que um coração vazio,
Pelo contrario, era um coração tão cheio:
Cheio de uma alegria incondicional,
De um amor inesgotável,
De uma carência insaciável.
Era, na verdade, um coração solitário.
Não era mais
As dores de amor que ardiam do peito.
O amor havia decidido tirar umas férias;
Conhecer outros lugares,
Lares e corpos.
Era um vazio insubstancial,
Em meio a tantos atrativos,
Tantas multidões.
Cheio demais para estar vazio.
Era mais que
As dores da meninice;
As alegres dores da inocência,
Acompanhadas das mais ternas duvidas.
Eram as dores da adultez;
Dores da mulher;
Nascentes e fulgurantes.
Novidades em um corpo
E em uma mente
Emersos nas duvidas
Do “como agir”,
Uma vez que agora era por si
E não havia mais ninguém.
Não era mais que uma menina,
Mas, deveras, era mais que uma bela mulher.
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