Como meus pés caminharam
Até este cume;
Como meus sentidos me guiaram
Através da inexperiência do escuro,
Não há nem a mínima das explicações.
Séculos se passaram
Na perdida luta
Contra o tempo e vontade;
A disposição minguava a olhos vistos,
Sem jamais apagar certo desejo.
Bifurcações se infiltraram
Num caminho reto,
Que tendia a um único e inevitável objetivo;
Mas por infantilidade ou inexperiência
Era morbidamente evitado.
O sadismo muitas vezes se fez amigo,
Com suas doces torturas e enrolos
Adiando o inadiável.
Ingenuidade fajuta?
Devo vivas ao acaso;
As sutis músicas que canta o destino
Com suas artimanhas,
Que colocam todos os pontos em seus lugares.
Após a tempestade
Veio mais que a bonança.
Veio a dor mais prazerosa das dores,
E a ansiada perda de um tecido cultivado anos a fio.
A relva se fez cama
Dos amores mais sórdidos;
Já que a sordidez é a essência
Desses amores inconsequentes e não-admitidos.
O medo, velho companheiro,
Depôs suas armas,
E voou para muito além
Da relva cama.
Deu lugar ao insano fogo,
De um desejo reprimido
Por um orgulho banal.
O fogo, pois, queimou dois corpos;
Consumidos pelas labaredas rubras
Como o sangue derramado
De um sacrifício nada dispendioso.
Parece que as forças da natureza,
Cantam ao fim tanto ansiado;
Que faz do céu chorar
As lágrimas que vão lavar uma pseudo-honra perdida.
Agora me pergunto:
Este cume que estou,
E todos os acontecimentos nele ocorridos
São, deveras, um fato,
Ou um doce, irreal e prazeroso sonho?
Nenhum comentário:
Postar um comentário