Por que o Ente supremo do universo
Deste-me tu;
Concedeste a desgraça de cruzar nossos caminhos;
De fazermos nós como somos e fomos?
Provavelmente Ele é dotado
Do mais perfeito mau gosto;
De um sadismo tortuoso,
Ao conceder o desprazer
De unir dois caminhos avessos
De pessoas tão complexamente opostas.
Mas Ele nos enganou;
Tu me enganaste;
Eu te enganei;
Nós nos enganamos.
Fomos impelidos a acreditar numa
Ilusão perversa demais,
Para mentes tão argutas,
Mas jovens em demasia.
Podes julgar que era dono de si,
Tendo sob o controle de teu calculismo
Todas as perdidas empreitadas
A que fomos submetidos.
Enganas-te...
Fui teu erro, teu engano, tua frustração
[ que a todos buscava esconder;
Desde o primeiro dia
Que nossos olhos se cruzaram
E o inocente laço da amizade esboçado.
Engano novamente...
Somos vis demais para tanto;
Inaptos a pureza da amizade,
Quanto mais a algo próximo
Do que se possa chamar de amor,
Mesmo que este esteja na amizade.
Eu não consigo enxergar,
Na verdade nunca consegui;
Estive cega desde sempre,
Dotada da pior cegueira:
A de não querer ver.
Para ti, certamente,
Não ocorreu a criação de algo para além da realidade;
Para além do que me mostrava.
Contudo, apesar de mostrares,
Como, deveras, és
Devaneei em excesso;
Criei uma imagem perfeita e inexistente
De um alguém imperfeito demais.
Quando, então acreditava,
Que um fim emergia ao longe e,
Configurava-se como consumado,
Descubro que foi uma infeliz e ansiada emboscada.
Podes ter sido irrelevante
As consequências para ti;
No entanto, eu mergulhei, com toda consciência,
No maior dos abismos que uma mulher poderia mergulhar.
Simplesmente me deparar como mulher;
Como uma mulher de um homem
Que não pode ser seu,
Que não quer que seja seu,
Pois para esta mulher este homem é um erro,
Bem como ela também o é.
Quão infeliz foi esse Ente
Ao entregar minha vida a tua...
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