Afia tua faca;
Crave-a em meu peito,
E não tenhas dó!
Não reserves nem um fiapo, ao menos, de piedade.
Vá dilacere-me,
Tens a oportunidade em tuas mãos,
Sabes o que deves fazer.
Não hesites, vá até o fim.
É inútil dissimular.
Sempre fizestes tantas atrocidades;
Sempre fostes um animal, um monstro.
Então faças o que te peço.
Cinja-me com tua chibata,
Coberta do ostracismo dos tempos
Em que foste escravo do desprezível.
Seja desprezível.
Lave-me com teu sangue,
Para que meu sacrifício seja viável.
Um sacrifício pérfido e doce,
Com o pleno consentimento do sacrificado.
Abuses de meu complexo de Estocolmo;
Não receies que o sacrificado
Irá vingar-se de seu carrasco.
O sacrificado nutre um amor incondicional por ti.
Leve-me ao alto do monte,
Em meio ao recanto no qual jazem os mortos,
Onde a vida brinda a seu gran final,
Possua-me com toda tua força;
Violente-me repleto da mais sanguinolenta
Perfídia e virilidade do desejo.
Entregues-te ao me possuir.
Invada todos os meus poros,
Fundes teu corpo ao meu,
Para então rasgar minh’alma
E findar o que há muito
Jaz findo.
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