A vida não é tão triste,
Bem que poderia ser.
Seria, portanto, um vale de lagrimas,
Na qual navegaríamos sem cessar,
Sem jamais encontrar o alento da terra firme.
Isto se a terra realmente conferisse segurança,
E por ser um vale,
A terra pode desabar,
E seus escombros caírem por nossas cabeças,
Como muitos dos anos vazios que vivemos.
E como saber que aqueles e não estes
Foram os anos vazios?
Todos os anos estão a quebrar em cima de nós,
Junto da terra desabada e da água que nos afoga,
E a cada instante se torna mais fácil sucumbir,
É menos doloso, doloroso.
Submergir é doce perto de nadar, correr ou fugir.
É apenas fechar os olhos,
Prender a respiração e afundar lenta e desesperadamente,
Lutando contra a vontade de reagir,
Que insiste em se fazer presente.
Não adianta.
Outrora já repudiávamos a esperança,
Que já era vã nos tempos áureos.
Hoje quando o negro tudo consome
Apunhalamo-la...
Atropelando e matando as belas coisas da vida
Que poderiam vingar e florir caso
Não as destruíssemos ao primeiro suspiro.
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